Para o mundo cristão, a prática do aborto é um dos pecados mais cruéis e covardes da humanidade, visto que é cometido contra a vida de outro ser humano em sua fase mais indefesa: no útero materno. Agora, uma oferta do Templo Satânico dos Estados Unidos deve reforçar essa visão.
Criado em 2012 por Jarry e Lucien Graves, o Templo Satânico possui sede nos Estados Unidos e está com filiais na Europa e Austrália. Ele é só uma das muitas versões de culto dirigido à satanás, também chamado de diabo pela Bíblia Sagrada, cada qual com líderes e visões diversas.
O satanismo empregado por Jarry e Graves se enquadra no que pode ser chamado de “moderno”, cuja característica principal está na tentativa de se dissociar da crença real no demônio.
Na prática, os adeptos negam que creem numa entidade espiritual, de fato, sendo satanás, para eles, apenas uma representação simbólica de oposição ao suposto controle da fé e dos valores político-civis.
A tentativa de repercutir o satanismo moderno como uma “filosofia”, e não como uma religião, de fato, faz parte da estratégia dos devotos mais antigos de satanás. Para isso, pregam a ideia de que o culto ao demônio é nada mais do que uma cerimônia representativa, cujos símbolos seriam nada mais do que parte de um ritual artístico.
Aborto ritual
O que o Templo Satânico moderno dos EUA não detalha, contudo, é o motivo pelo qual o aborto é encarado por seus adeptos como uma prática ritual. Na Bíblia Sagrada, em Levítico 20:2-5, é famosa a passagem em que a entidade popularmente chamada “Moloque” é alvo de adoração por parte dos amonitas.
O recorte mais chocante, segundo o trecho bíblico, é o sacrifício de crianças para Moloque, relato esse utilizado pelos líderes cristãos ao longo dos séculos como uma das referências contrárias ao aborto ritual.
Mas, para o Templo Satânico, os satanistas “têm orgulho de expandir as opções reprodutivas para nossos membros. Isso é apenas o começo. Permaneceremos firmes enquanto continuamos a luta para defender a justiça reprodutiva nos Estados Unidos”, disse Erin Helian, diretora executiva de campanhas da organização, segundo a Fox News.
A narrativa empregada pelos satanistas “filosofados” é a dos direitos reprodutivos e sobre o corpo da mulher. Contudo, visando driblar as leis contrárias ao aborto, eles alegam que a prática é “como um sacramento religioso protegido pela Primeira Emenda e pela lei federal”. Ou seja, um direito à liberdade religiosa! Veja também:
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