A Justiça Eleitoral está buscando formas de limitar a influência das igrejas evangélicas em geral sobre os eleitores, e quer implementar cláusulas que impeçam o “abuso de poder econômico e influência” das denominações.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, afirmou que a ideia é impedir que pastores e demais líderes religiosos usem do prestígio junto aos fiéis para eleger candidatos.
“Depois da proibição das doações empresariais pelo Supremo Tribunal Federal (STF), hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do poder de persuasão. O cidadão reúne 100 mil pessoas num lugar e diz ‘meu candidato é esse’. Estamos discutindo para cassar isso”, disse Mendes, de acordo com informações da revista Veja.
Com a ascensão de políticos evangélicos diversos, indicados de forma indireta por lideranças denominacionais – como por exemplo, Marcelo Crivella (PRB), prefeito do Rio de Janeiro -, o TSE considera que há um uso da fé para influenciar as eleições, potencializado pelos recursos materiais das igrejas.
“Outra coisa é fazer com que o próprio fiel doe. Ou pegar o dinheiro da igreja para financiar”, ilustra. “Se [um líder religioso] disser que agora o caminho para o céu passa pela doação de R$ 100, porque eu não vou para o céu?”, supôs o ministro, que considera esse tipo de abuso como de “difícil verificação”, mas que obriga o TSE a agir.
Na contagem da Veja, há hoje na Câmara dos Deputados 80 parlamentares ligados umbilicalmente a igrejas. De acordo com dados do TSE, em 1998, eram 47 parlamentares. No entanto, o número de evangélicos entre os deputados é muito maior: 181, além de quatro senadores.