Uma turba de extremistas hindus atacou uma igreja doméstica no estado de Chhattisgarh, no leste da Índia, forçando uma fiel a se converter ao hinduísmo e ferindo o pastor e outro membro.
Relatos obtidos pela entidade International Christian Concern (ICC) indicam que ao menos 200 extremistas hindus, um grupo ultranacionalista que rejeita a presença de qualquer religião no país que não seja o hinduísmo, atacou a pequena congregação, que se reúne em uma casa.
Segundo informações do portal The Christian Post, a turba – liderada por um homem chamado Sanjith Ng – atacou os cristãos da igreja doméstica na vila de Odagoan, no distrito de Kondagaon, em Chhattisgarh, no último domingo, 16 de janeiro.
Sanjith Ng invadiu a casa onde o culto sendo realizado, espancou o pastor Hemanth Kandapan e um membro da congregação, identificado como Sankar Salam. O distrito de Kondagaon é formado por uma maioria tribal.
O ICC acrescentou que Sanjith Ng arrastou o pastor para fora da casa onde mais de 200 pessoas o esperavam, covardemente. A turba, então, espancou o pastor e Salam, alegando que eles estavam convertendo ilegalmente hindus ao cristianismo.
O pastor e o membro da congregação sofreram ferimentos internos graves e tiveram que ser hospitalizados. A multidão também ameaçou os demais cristãos, dizendo que eles seriam mortos se continuassem a orar na aldeia.
“Fiquei preso em casa por quase nove horas. Durante todo esse tempo, fui insultado e abusado pela multidão, mesmo na presença da Polícia”, queixou-se o pastor Kandapan.
Na última segunda-feira, 17 de janeiro, líderes do grupo nacionalista hindu Vishwa Hindu Parishad (Conselho Mundial Hindu) forçaram os cristãos a participarem de uma cerimônia religiosa onde uma mulher cristã, chamada Sunderi Bathi, foi convertida à força ao hinduísmo.
“A situação na aldeia ainda é tensa. Não sabemos por quanto tempo essas famílias terão que ficar fora de suas casas”, acrescentou o pastor Kandapan, referindo-se a cinco famílias que fugiram da aldeia.
Perseguição implacável
Os ataques contra cristãos tribais aumentaram desde que grupos radicais hindus lançaram uma campanha em 2020 para impedir que os povos tribais ou indígenas do país se convertessem ao cristianismo. Esses grupos têm exigido que o governo proíba aqueles que se convertem de receber educação e oportunidades de emprego.
A maioria dos tribais não se identifica como hindu e adotam diversas e distintas práticas religiosas, sendo que muitos adoram a natureza. No entanto, o Censo Demográfico do governo os considera hindus.
Desde que o primeiro-ministro Narendra Modi e o Partido Bharatiya Janata chegaram ao poder em 2014, os ataques aos cristãos aumentaram e se intensificaram. Embora os cristãos representem apenas 2,3% da população da Índia e os hindus representem cerca de 80%, houve aumento nos ataques nacionalistas hindus radicais às minorias religiosas.
A Missão Portas Abertas nos Estados Unidos, que monitora a perseguição em mais de 60 países, relata que “os radicais hindus frequentemente atacam os cristãos com pouca ou nenhuma consequência”.