As acusações de lavagem de dinheiro supostamente feitas pela Igreja Universal do Reino de Deus a partir de recursos que estariam sendo desviados da prefeitura do Rio de Janeiro foram rebatidas pelos bispos Renato Cardoso e Jadson Santos.
A percepção dos líderes da Igreja Universal no Brasil e no estado do Rio de Janeiro é que a acusação, veiculada pela TV Globo, é fruto de perseguição religiosa e visa causar dano à candidatura de Marcelo Crivella (bispo licenciado da instituição) à reeleição.
“A Igreja Universal não tem participação em nenhum esquema de lavagem de dinheiro nem da prefeitura do Rio de Janeiro e nenhum outro lugar. A Igreja Universal presta contas de todas as suas receitas, a todos os órgãos competentes, e por isso não temos nada a temer, e por isso, essas acusações são absurdas e sem nenhum fundamento”, disse Cardoso em entrevista ao Domingo Espetacular, da Record TV.
O bispo – que é genro de Edir Macedo – acrescentou que “a Igreja Universal não participa, não influencia, não se envolve em nada que tenha a ver com a prefeitura do Rio de Janeiro, isso é da competência do prefeito e da sua equipe”.
Já o bispo Jadson Santos, que dirige a instituição no âmbito estadual, afirmou que é impossível que o valor mencionado no pedido de investigação feito pelo Ministério Público, quase R$ 6 bilhões, tenha saído dos cofres da prefeitura e passado pela Igreja Universal no estado, pois esse valor corresponde a 20% do orçamento anual da prefeitura carioca.
“Nem seis centavos. É um absurdo falarem isso, e eu acho que é mais absurdo quem acredita nisso. Nós não temos seis centavos da prefeitura na Igreja Universal. Nós só faríamos isso se não tivéssemos cérebro, só se nós não pensássemos. Mas nós pensamos. A nossa vida não é tirar nada de ninguém, nossa vida é dar”, declarou o bispo Santos.
O vazamento de informações para a emissora da família Marinho também foi questionado pelo dirigente da Igreja Universal: “Tem uma coisa que eu não entendo, até hoje eu não consegui essa resposta. Essa combinação da Globo com o Judiciário do Rio de Janeiro. Record não sabe de nada; SBT não sabe de nada; Band não sabe de nada; e a Globo sabe de tudo, chega antes. É uma coisa estranha, fico me perguntando ‘por quê?’”.
Segundo Jadson Santos, a instituição vai cobrar os responsáveis na Justiça: “Nós não devemos nada, temos toda a contabilidade da Igreja Universal bem transparente, não temos o que temer, e nós vamos atrás, eles têm que provar isso aí”.
Marcelo Crivella também foi ouvido pela reportagem e declarou que as matérias veiculadas pelo Grupo Globo são uma intenção clara de interferência no processo eleitoral: “[Estão] agindo como partido de oposição. Em 20 anos de vida pública eu nunca vi uma afirmação tão leviana, tanta insanidade, um ódio tão neurótico, tão absurdo como esse, de dizer que na prefeitura se lava dinheiro na Igreja Universal. Isso é um crime”, afirmou o prefeito.
“As pessoas que falam isso deveriam provar. É claro que com o processo ainda em sigilo, surge espaço para essas especulações”, acrescentou o candidato à reeleição.
Em nota, a Igreja Universal do Reino de Deus disse que está sendo “vítima de um ataque combinado entre a TV Globo e autoridades que atuam de modo abusivo”.
“A Igreja informa que não sabe da investigação e da existência desse tal ‘documento’ e das ‘denúncias’ que supostamente traz. Assim, não há como comentar sobre o seu teor — a não ser lamentar a relação espúria entre a Globo e autoridades que vazam, ilegalmente, informações judiciais sem que a parte envolvida saiba de tal investigação. Contudo, a Universal nega veementemente todas as absurdas acusações sobre lavagem de dinheiro, movimentações financeiras e qualquer outro ato ilícito”, acrescenta o texto.