O posicionamento baseado no entendimento bíblico de que a prática homossexual é pecaminosa levou uma universidade cristã do Canadá a perder seu credenciamento como instituição educacional.
A Universidade Trinity Western (TWU, na sigla em inglês) recorreu da sentença judicial alegando ao Tribunal de Recursos de Columbia que sua postura alinhada com a Bíblia a respeito da homossexualidade não a torna incompetente em sua atividade principal, e que por isso, a Sociedade de Direito da província não deveria proibi-la de atuar.
Segundo informações do Christian Post, a universidade está sendo representada pela Associação Evangélica do Canadá (CEF) e pelo grupo de Ensino Superior Cristão do Canadá, por ser afiliada a esses grupos.
Bruce Clemenger, presidente da CEF, afirmou que todos na entidade “estão muito preocupados com as implicações deste caso para a liberdade religiosa no Canadá”, e lamentou o fato de que os critérios educacionais estão sendo deixados em segundo plano: “A sociedade da lei não está preocupada com os requisitos acadêmicos. A TWU tem uma reputação de excelência escolar e sua faculdade de Direito se propôs a atender às exigências acadêmicas rigorosas da Federação Canadense de Advogados”, disse.
O motivo da cassação do credenciamento, seria, puramente, religioso, de acordo com Clemenger: “A objeção deles é que a TWU é uma escola cristã e seus estudantes e funcionários devem respeitar a aliança da respeitar da comunidade biblicamente formada. A questão é sobre as crenças e não sobre habilidades. É a orientação de fé e não a habilitação acadêmica que está sendo contestada”, lamentou.
A TWU segue uma postura tradicional e já esteve envolvida em outras batalhas judiciais por causa de suas diretrizes a respeito da conduta sexual e social. Professores e alunos que lá ingressam devem aceitar seu “pacto comunitário”, que determina regras para ambos: “A missão da universidade, valores fundamentais, currículo e vida em comunidade são formados por um compromisso firme com a pessoa e a obra de Jesus Cristo, conforme declarado na Bíblia”, diz o documento.
“O pacto comunitário é uma promessa solene em que os membros se colocam sob obrigações por parte da instituição aos seus membros, para com a instituição e os membros uns dos outros”, acrescenta outro trecho.
Dentre outras coisas, o documento proíbe “fofocas, calúnias, linguagem vulgar/obscena, roubos, abusos ou destruição de bens pertencentes aos outros”, além de proibir, em seus campus, a “embriaguez, consumo de álcool por menores de idade e o uso ou posse de drogas ilegais”.
“A verdade desconfortável é que as religiões têm pontos de vista que muitos canadenses julgam incompreensíveis ou ofensivos em uma sociedade liberal e multicultural. A lei as protege e deve esculpir um lugar, não apenas onde podem existir, mas florescer”, afirmou o juiz Jamie S. Campbell, ao decidir a favor da universidade em uma ação julgada em 2015.