O PT adotou como estratégia de mobilização uma guerrilha midiática, com divulgação de fake news a respeito do cumprimento de pena de Lula (PT). Na última segunda-feira, 11 de junho, o partido anunciou que um assessor do papa Francisco havia sido impedido de entrar na carceragem da PF para entregar um terço ao ex-presidente, mas foi desmentido pelo Vaticano no dia seguinte.
Ao longo de aproximadamente 24 horas, o boato sobre o impedimento da visita de um assessor do papa a Lula – a quem o PT se refere como “preso político” – circulou com força nas redes sociais, incendiando os militantes do partido, que fizeram todo tipo de especulação e ilação. A repercussão da fake news foi tão grande que o Vaticano se viu obrigado a desmentir a narrativa.
“Vim com muita esperança para trazer uma mensagem ao ex-presidente Lula e lamentavelmente, de forma um tanto inexplicável para mim, os funcionários da Superintendência, por uma ordem que entendi que vinha de cima, resolveram impedir a visita”, disse o advogado Juan Grabois na segunda-feira, em entrevista a jornalistas em frente à sede da PF.
Na construção do boato, o PT usou seu site oficial para afirmar que “policiais federais ficaram com o presente, prometendo entregá-lo ao verdadeiro dono”.
No entanto, em nota divulgada através de suas redes sociais oficiais, o Vaticano afirmou que não enviou nenhum representante “em nome do papa Francisco” a Curitiba para entregar um terço ao ex-presidente, que cumpre pena de 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
A Santa Sé pontuou que o rosário mencionado no rumor era um terço abençoado como qualquer outro, mas que não havia sido especificamente enviado a Lula por Francisco.
“O advogado argentino Juan Gabrois, fundador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos e ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, deu uma entrevista em sua tentativa de visitar o ex-presidente Lula na prisão de Curitiba, onde está detido há mais de dois anos meses. Grabois disse que a visita era pessoal e não em nome do Santo Padre. Ele não teve a permissão para se encontrar com Lula”, contextualizou o Vaticano.
“Na entrevista, ele nunca declarou que foi o papa a enviar o terço, mas simplesmente que se tratava de um terço que tinha sido ‘abençoado’ pelo papa. Terços como esse são levados, como o Santo Padre deseja, a tantos prisioneiros do mundo sem entrar no mérito de realidades particulares”, concluiu a nota.