Membros de uma organização satânica localizada no estado de Illinois, Estados Unidos, resolveram tentar se apropriar de uma história cristã para expressar suas crenças no “deus das moscas”, referência essa atribuída na Bíblia Sagrada à figura de Belzebu ou simplesmente Satanás.
O templo satânico do qual pertence o grupo entrou com uma ação judicial para adquirir o direito de construir e apresentar o próprio presépio de Natal, chamado de “O conhecimento é o maior presente”, tendo um metro e meio de tamanho e exibido publicamente na cidade.
Lex Manticore, porta-voz do templo satânico, disse que o presépio diabólico apresenta uma mulher com o braço estendido segurando uma maçã, tendo seu corpo rodeado por uma serpente. Uma clara referência ao relato do livro de Gênesis, da Bíblia.
“Nós vemos Satanás como um herói nessa história, é claro, espalhando conhecimento”, disse Manticore, segundo informações do The State Journal-Register.
O viés doutrinário do templo satânico é o que muitos chamam de “satanismo filosófico”. Ou seja, uma versão mais ideológica de práticas contrárias aos valores judaico-cristãos, que, apesar de advogar proximidade com a ciência e racionalidade, se mostra, na prática, superficial, incoerente e intelectualmente desonesto.
Fazendo jus ao conceito de “satanismo filosófico”, preconizado por figuras como o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche, Lex Manticore explica que seu grupo não acredita na real existência de Satanás, como entidade espiritual, mas que o reconhece como personagem metafórico antirreligioso.
“Não apenas não adoramos um Satanás literal, mas não acreditamos que realmente exista. Satanás para nós é uma metáfora. Ao longo da história literária, tem sido usada como um personagem que representa a rebelião em face da tirania religiosa”, disse ele.
Por fim, a organização satânica faz uso da Primeira Emenda Americana, onde consta a separação da Igreja e do Estado. Eles argumentam que se não podem expressar suas crenças abertamente, outras religiões também não podem.
“Se você vai ter um monumento religioso, então deve estar aberto para os outros, e se você não concordar com isso, então não vamos ter nenhum”, disse Ivy Forrester, co-fundadora do Arkansas em Satanics Temple.