A mudança de nome de uma creche, que ainda não teve as obras concluídas, gerou enorme polêmica em torno de um vereador de Palmas (TO), que é evangélico. A troca de nome de Arco-Íris para Romilda Budke Guarda despertou a ira da militância LGBT local, assim como da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ).
O vereador Filipe Martins (PSC) propôs a mudança para evitar que o nome da creche seja “usado para a promoção do homossexualismo”, de acordo com informações do portal G1. Dessa forma, o político evangélico propôs um projeto de lei para alteração do nome, e sugeriu Romilda Budke Guarda, uma pioneira na região norte da capital tocantinense.
Na justificativa do projeto, Martins explicou que a mudança do nome foi pedida por moradores da quadra de Palmas onde a creche está sendo construída. O projeto foi aprovado pela Câmara Municipal e sancionado pela prefeita da cidade, Cinthia Ribeiro (PSDB).
“O objetivo é homenagear uma das pioneiras de Palmas como reconhecimento pelos relevantes serviços prestados aos palmenses, além de substituir o nome Arco-Íris, que apesar de ser um símbolo do cristianismo, também é usado para promoção do homossexualismo”, justificou o vereador. A franqueza de suas afirmações virou combustível para a militância LGBT, que passou a atacá-lo.
O diretor presidente da Aliança Nacional LGBTI Tocantins, Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBTI Tocantins – RENOSP LGBTI, emitiu nota de repúdio ao vereador. “A alegação fajuta por parte do parlamentar clareia ainda mais a perseguição dos conservadores e fundamentalistas religiosos, para o fomento do ódio, intolerância e violação de direitos humanos da comunidade LGBTI e daqueles que apoiam a nossa luta política por justiça social”, diz trecho do comunicado.
Na mesma toada, a OAB também se pronunciou através da Comissão de Diversidade Sexual uma nota de repúdio à mudança de nome proposta pelo vereador, afirmando que o argumento de “que o “o arco íris apesar de ser um símbolo do cristianismo, também é usado para promoção do ‘homossexualismo’”, associa a homossexualidade à doença e evidencia um atraso de quase trinta anos em sua justificativa”.
Carona
Jean Wyllys, ativista e deputado federal, aproveitou o episódio para pegar carona e afirmou nas redes sociais que o vereador evangélico sofre de “heterossexualidade frágil” e se sente “ameaçado por um simples arco-íris”.
Em entrevista ao portal JM Notícia, o vereador reiterou sua postura: “Nós respeitamos [os homossexuais], mas não concordamos [com a prática]. O que eu posso fazer, eu estou fazendo para defender a Igreja”, disse. “Estou fazendo a coisa certa”, acrescentou.