Na última semana, o vereador Alex Dotti (PMDB) iniciou uma polêmica na cidade de Antônio Prado (RS) por pedir a exoneração da assessora de imprensa da Câmara dos Vereadores da cidade, a jornalista Renata Helena Ghiggi, de 33 anos, por ela “não acreditar em Deus”.
Em seu pedido, feito em pronunciamento durante a primeira sessão do ano, no dia 4 de fevereiro, Dotti defendeu que a assessora da Casa fosse demitida, apresentado o fato de Renata ser ateia como o principal motivo para o pedido. O caso veio à tona no início dessa semana.
– Numa cidade onde todos nós fomos eleitos com mais de 98% dos votos, a maioria tem uma religião e acredita em Deus, eu acredito que não pega bem e acho que é muito errado pronunciar-se contra Deus. (…) Eu peço a exoneração da Assessora de Imprensa e a troca urgente, porque a Câmara de Vereadores e a cidade de Antônio Prado é uma cidade de fé – afirmou o vereador durante a sessão em que pediu a exoneração da assessora de imprensa.
De acordo com o G1, Alex Dotti afirma que decidiu se pronunciar pela demissão de Renata Ghiggi porque a população da cidade teria ficado indignada por ela ter retirado um crucifixo do plenário durante uma atividade com crianças no final do ano passado, e também devido a uma postagem feita por ela em seu perfil no Facebook, quando ela criticou um programa de TV que atribuía a Deus a sobrevivência de pessoas em um acidente.
De acordo com Renata, sua publicação na rede social motivou comentários agressivos do vereador.
– Coloquei um questionamento porque vi um apresentador dizendo que Deus salvou fulaninho do acidente, aí eu questionei por que Deus não evitou todo o acidente? Pessoas do meu círculo de amizade, católicos e gente de outra religião começaram um debate de super alto nível, pessoas com conhecimento do que estavam falando. Eis que o vereador entrou rachando na discussão, baixou o nível, ofendeu meus amigos, minha irmã que é católica, xingou alguns, mostrou os seus preconceitos – relata a assessora de imprensa, que se diz “chocada” com a manifestação e afirma que a defesa do ateísmo é um assunto pessoal.
– Quando aconteceu, fiquei chocada, pois não esperava que ele fosse levantar isso numa sessão – completou.
Diante do caso, a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) iniciou uma representação no Ministério Público (MP) contra o vereador por crime de discriminação religiosa. O MP ainda não se manifestou sobre a representação.
Ao se pronunciar sobre o caso, o vereador afirma que seu pedido não foi um ato de preconceito e diz ter se sentido ofendido pela postura adotada pela assessora de imprensa.
– Mantenho meu posicionamento, porque acho que ela me ofendeu e eu não ofendi em nada ela – disse.
O pedido feito pelo vereador ficou registrado na ata 729/2014. Apesar da polêmica, o pedido foi negado pela mesa diretora e o presidente da Câmara, o vereador Valdicir Viali (PTB) já anunciou que a possibilidade de exoneração está descartada.
– Não deveria nem acontecer esse tipo de situação. Briga por religião, cor de pele, no século em que nós vivemos – afirmou Viali, que foi quem indicou Renata para o cargo.
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Por Dan Martins, para o Gospel+