Uma vereadora evangélica da cidade de Boa Vista, capital de Roraima, afirmou que a Parada Gay é um evento que prolifera doenças e práticas homossexuais. A declaração foi dada durante um debate sobre a inclusão do evento no calendário oficial da cidade.
Numa primeira votação, o projeto foi aprovado por 10 votos a 2, mas Miriam Reis (PHS) disse ao G1 que irá convencer os colegas vereadores a derrubarem a proposta na segunda votação.
“Eu acredito que o projeto vai ser arquivado, porque o nosso Deus vai nos dar autonomia, vai nos dar autoridade, capacidade e sabedoria para mostrar a eles que esse dia só vai fazer proliferar o homossexualismo na face da terra e em Boa Vista. Não é isso que nós queremos, porque o homossexualismo vai trazer doenças, infelicidade para as famílias, dores, tristeza, angústia”, disse Miriam Reis.
A vereadora disse ainda que, apesar de acreditar que os homossexuais mereçam ser tratados com respeito, eles também deveriam se adequar ao modelo tradicional de família: “Nós jamais poderemos aceitar filhos sendo criados por dois homens ou por duas mulheres. Isso é contra a palavra de Deus”, afirmou.
Miriam Reis liderou um abaixo-assinado com mais de 600 assinaturas que pede a realização de audiências públicas com a sociedade boa-vistense, antes da segunda votação do projeto de inclusão da Parada Gay no calendário oficial da cidade.
Sebastião Diniz, presidente da Associação Roraimense pela Diversidade Sexual, classificou a fala de Miriam Reis como ofensiva: “Registrei um Boletim de Ocorrência contra Mirian Reis e mais dois vereadores que nos ofenderam durante a sessão. Também procurarei a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Roraima, porque eu acredito que esses políticos não estão defendendo os interesses do povo, mas apenas os ideais dos evangélicos”, acusou.
O apóstolo Helton Souza, presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos de Roraima (OMER), enviou uma mensagem de texto ao vereador Júlio César (PMDB), autor do projeto, fazendo um “alerta” sobre a necessidade de que “o referido projeto não passe”, e dizendo que “se o mesmo passar, faremos questão de divulgar nos quatro cantos deste estado, quem foi o autor, quem votou e quem aprovou o mesmo”.
Questionado sobre a mensagem, o apóstolo negou que houvesse tom de ameaça: “A mensagem é clara. Pedimos somente a possibilidade de criação de uma Comissão Especial em que pudéssemos ser ouvidos e emitir nossa opinião. Por que com os evangélicos seria de uma forma e com o grupo LGBT de outra?”, questionou.