Victor Azevedo chocou a comunidade cristã ao externar sua visão bastante peculiar a respeito da importância e significado da Bíblia Sagrada. O pastor e coach declarou que as Escrituras só devem ser avaliadas como Palavra de Deus nos trechos em que há falas de Jesus, e diante da enorme repercussão, pastores e teólogos refutaram o pensamento, entendido como heresia.
Um dos que se manifestaram de maneira contundente foi o pastor e escritor Renato Vargens, um dos líderes do movimento Coalizão pelo Evangelho. Para o líder evangélico calvinista, Victor Azevedo ecoou “conceitos e valores absolutamente espúrios”.
“Victor Azevedo que já afirmou que cristãos são pequenos deuses […] relativizou as Escrituras afirmando ela não ser a Palavra de Deus. […] Ao contrário do Victor Azevedo os cristãos acreditam na Bíblia como sua única e exclusiva regra de fé. Em virtude disso não fundamentam aquilo que creem em experiências místicas, achismos ou interpretações equivocadas”, rebateu Vargens.
Um dos conceitos teológicos inegociáveis dos cristãos e igrejas oriundas da Reforma Protestante é que “as Escrituras são por definição a única Palavra de Deus escrita como também a única expressão verbal das verdades de Deus publicamente acessível, visível, e infalível no mundo”, enfatizou o pastor. “A Bíblia possui suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; e somente ela é o árbitro de todas as controvérsias. Ela é a norma normanda e não a norma normata para todas as decisões de fé e vida. Se junta a isso o fato, de que a autoridade das Escrituras é superior à da Igreja, da tradição como também de qualquer estrutura hierárquica religiosa”, acrescentou.
O artigo de Renato Vargens, publicado em seu blog, pontua ainda que os homens de Deus que foram inspirados a realizar o movimento reformador “consideravam que somente as Escrituras possuíam a palavra final em matéria de fé e prática”.
“João Calvino costumava dizer que o verdadeiro conhecimento de Deus está na Bíblia. Para o reformador francês a Bíblia era a Palavra de Deus. Calvino também afirmou que a Bíblia era o único escudo capaz de nos proteger do erro”, frisou o pastor. “Para o protestantismo a Bíblia é a revelação verbal de Deus. É Deus falando aos homens. É a voz do próprio Deus”, reiterou.
Vargens lembrou ainda em sua refutação a Victor Azevedo que “o apóstolo Paulo, ao escrever a sua 2ª epístola a Timóteo, afirmou que ‘toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra'”.
“Pedro em sua 2ª carta, explicou que os homens que escreveram as Escrituras foram ‘inspirados pelo Espírito Santo’, para que nenhuma parte dela fosse ‘produzida por vontade de homem algum’ ou pela ‘interpretação particular do profeta’”. Além disso, também vale a pena ressaltar a infalibilidade da Bíblia. A Bíblia não contém erros. Ela é correta em tudo o que declara, visto que Deus não mente ou erra. Tudo aquilo que nela está escrito é a mais pura verdade. Jesus disse que ‘a Escritura não pode ser anulada’, e que é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei”, destacou Renato Vargens.
Ao longo de sua reflexão, o escritor e teólogo contrapôs a relativização do jovem pastor e coach dizendo que “a Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado” e servindo como “o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado”.
“Nenhum credo, concílio ou indivíduo tem o poder de constranger a consciência do crente em Jesus contrariando aquilo que está exposto na Bíblia. […] Asseguro sem a menor sombra de dúvidas que todo o conteúdo das Escrituras foi inspirado pelo Senhor, o que nos dá plena convicção de que não existe nenhum equivoco em denominar a Bíblia como ‘a Palavra de Deus’. […] Não existe nenhum outro modo de se conhecer a Deus, superior ao estudo das Escrituras, como também, não existe nenhuma outra fonte de informação sobre Deus mais precisa, acurada e compreensiva que a Sua Palavra”, argumentou Vargens.
“Afirmo sem a menor sombra de dúvidas que Victor Azevedo ao negar a inspiração das Escrituras comete uma grave heresia teológica”, escreveu o pastor da Igreja Cristã da Aliança, finalizando com uma citação a Martinho Lutero: “A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém”.