O projeto de lei apelidado como “cura gay” e que previa a derrubada de uma resolução do Código de Ética do Conselho Federal de Psicologia (CFP) continua causando polêmicas entre evangélicos e pessoas contrárias à proposta.
A ideia do projeto era que a proibição aos profissionais de psicologia de atenderem homossexuais em busca de reorientação sexual fosse derrubada, mas a repercussão do projeto, aliada ao apelido dado a ele, levaram o autor, deputado João Campos (PSDB-GO) a retirá-lo de votação.
Nesta semana, o portal IG promoveu um debate entre Mara Maravilha, entusiasta do projeto e o colunista Fernando Oliveira, jornalista responsável pela coluna “Na TV”, do mesmo portal.
Mara iniciou sua fala dizendo acreditar em “toda cura da alma”, listando solidão, complexo de inferioridade e depressão como aflições passíveis de cura, e definindo a homossexualidade como um comportamento: “[É] Uma escolha, um livre-arbítrio. Deus deu livre-arbítrio pra gente viver as escolhas, e a gente tem que respeitar as diferenças de escolha. Eu respeito”.
O contraponto foi apresentado por Oliveira, homossexual assumido: “Eu discordo, e não é novidade para você. Homossexualidade não é uma opção, a bissexualidade não é uma opção. Tudo isso é uma condição, orientação. Você nasce condicionado pra isso. A pessoa é para o que nasce. Há estudos genéticos – ao contrário do que alguns de seus colegas, Silas Malafaia e Marco Feliciano costumam divulgar erroneamente – que provam que a tendência de que irmãos gêmeos tem grande chance de um deles ser. Eu acho que usar a palavra ‘opção’ é muito cômodo, como se a gente fosse uma TV, um botão de liga e desliga”, discursou o colunista.
Distorções
Sobre uma declaração polêmica de Mara Maravilha a respeito da homossexualidade – quando ela teria classificado a opção sexual como “aberração” – a cantora foi questionada se teria havido má interpretação de suas palavras. “O que eu falei foi que qualquer comportamento íntimo em público, seja ele hetero ou homo, pra mim é uma aberração. Essa foi a minha palavra. Em nenhum momento eu falei ofendendo, agredindo. E se assim pareceu, eu tenho humildade suficiente pra pedir desculpas, perdão, porque não é, realmente, a minha intenção, ofender. Mas também eu não vou abrir mão das minhas opiniões”, pontuou a cantora.
Sobre o casamento gay, Mara Maravilha disse que a palavra para chegar a um consenso é “amor”, pois se “Deus não faz acepção de pessoas”, ela também não faria. “A gente faz escolhas. A gente é um ser racional”, disse Mara, antes de complementar: “Em relação à cura, pegaram uma entrevista minha e deturparam […] A cura pra mim, é uma escolha pra tudo. Seja pra depressão, seja pra qualquer coisa que incomode a pessoa. Se isso incomoda ao homossexual, ele tem o direito de mudar. Tanto que tem homossexuais que são bissexuais. Existem casos também daqueles que eram homossexuais, que se casaram e que sofrem também discriminação”.
Fundamentalismo religioso
Fernando Oliveira criticou a postura de religiosos que defendem a existência da opção de busca de uma reorientação para homossexuais que se sintam incomodados com sua condição, classificando esse pensamento como fundamentalismo religioso.
“O fundamentalismo religioso é nocivo pra qualquer liberdade individual. E quanto a isso você não pode dizer que não. O fundamentalismo religioso proíbe as pessoas de serem quem são. Paulo escreveu que homem com homem não é legal […] Amar ao próximo não é violentá-lo. O casal gay não quer gerar uma criança, quer ser feliz. Eu não quero ficar grávido. Eu sou casado há sete anos, não tenho comportamento promíscuo e não pretendo engravidar. Se eu quiser, posso adotar uma criança, ter uma barriga de aluguel […] que é viável. O que estou dizendo Mara, é pura e simplesmente que mudar a orientação sexual de alguém é uma violência”.
Mara respondeu a opinião de Oliveira dizendo que ele “desrespeita o livre-arbítrio” ao não aceitar que um homossexual que tenha desejo de se tornar hetero tenha o direito de buscar ajuda especializada. “Você acha que qualquer pessoa que não fala assim ‘Olha, você está certo, você é nota 10, o seu ponto de vista é exato’ está te discriminando, te ofendendo. E longe de mim querer ofender, não só a você, os homossexuais”.
Confira a íntegra do debate entre Mara Maravilha e Fernando Oliveira:
Por Tiago Chagas, para o Gospel+