A ideologia marxista está se impondo silenciosamente a muitas igrejas através do questionamento à verdade por parte da cultura moderna. A afirmação foi feita pelo pastor e escritor Voddie Baucham, um renomado teólogo norte-americano.
Voddie Baucham vem, ao longo dos anos, denunciando a influência negativa da cultura moderna sobre a igreja evangélica em todo o mundo, e afirmou que a ideologia de Karl Marx, em uma nova roupagem (que ele chama de neomarxista moderna) vem manipulando os cristãos através do constrangimento pela cultura.
Atualmente reitor na faculdade de teologia da African Christian University, na Zâmbia, Baucham afirmou que os ataques da ideologia neomarxista moderna são bastante direcionados, usando a relativização da verdade para marginalizar o cristianismo.
Em uma entrevista recente, o pastor destacou tendências preocupantes nas igrejas modernas, como a falta de compromisso em ensinar e expor sistematicamente as Escrituras. Esse comportamento pode estar enfraquecendo o alicerce do cristianismo, que é a ênfase na Bíblia.
“Não há um compromisso com uma exposição sistemática da Bíblia, e o que ouvimos do púlpito está enraizado e fundamentado em mais psicologia e filosofia do que texto e teologia”, disse Voddie Baucham.
Outro ponto de preocupação é o alinhamento da igreja com a chamada cultura pós-cristã. Para o pastor, muitos líderes cristãos pregam mensagens que ressoam os valores e agendas do mundo secular, incluindo questões relacionadas à agenda LGBT: “Você começa a ouvir coisas na igreja, do púlpito, da liderança que ressoam com essa cultura pós-cristã, por exemplo, o LGBTQ+”, disse ele.
O constrangimento
A terceira preocupação de maior escala externada por Voddie Baucham é a postura constrangida da maioria das igrejas e líderes, que se comportam como se pedissem desculpas pelas doutrinas cristãs essenciais.
Em sua análise, esse é o sinal mais claro de afastamento da Bíblia Sagrada: “Estamos nos desculpando pelo ‘mito da criação’. Estamos nos desculpando pelo Evangelho. Estamos nos desculpando pela Reforma. Estamos pedindo desculpas pela moralidade cristã, esse tipo de coisa. Esses são alguns sinais de que as coisas deram muito errado”.
A avaliação do pastor encontra base em dados de uma pesquisa divulgada há dois anos pelo pesquisador evangélico George Barna, que constatou em um estudo que apenas 6% dos americanos têm uma “visão de mundo bíblica”. Considerando que muito da cultura popular no Brasil recebe influência dos Estados Unidos, assim como parte significativa do movimento evangélico brasileiro é orientado pelo que ocorre no país, não é improvável que o cenário em terras tupiniquins seja semelhante.
“Por muito tempo, por causa dos pressupostos da cultura, uma das coisas que fizemos foi assumir o Evangelho. A mensagem do Evangelho é uma mensagem ofensiva em um mundo perdido e moribundo. Mas assumimos o Evangelho. Então, depois que assumimos o Evangelho, esquecemos o Evangelho e deixamos o Evangelho para trás. E começamos a construir igrejas – e realmente, eu uso esse termo livremente porque, em muitos casos, elas não são igrejas – e reunimos pessoas com base em pontos em comum que não eram centrados no Evangelho. Reunimos pessoas porque gostávamos do mesmo tipo de música ou éramos da mesma classe social. Tínhamos essas coisas como nosso alicerce, em vez de ter o Evangelho como nosso alicerce”, criticou Baucham.
Antes de aceitar o convite para ser reitor na faculdade de teologia da African Christian University, o pastor liderava a Grace Family Baptist Church no Texas, e acumulou experiência prática o suficiente para constatar que a mensagem do Evangelho é considerada “ofensiva para o mundo”.
A conta chega
Diante disso, muitas igrejas se sentem tentadas a não serem ofensivas, o que as leva à negligência na pregação da mensagem transformadora, avaliou Voddie Baucham, acrescentando que essas igrejas são as que sucumbem mais rapidamente aos desafios da era atual:
“Nesta era pós-cristã, onde todos estamos sendo pintados com o mesmo pincel, as pessoas que não confiaram no Evangelho para construir alicerces sólidos estão vendo suas ovelhas dispersas. Em primeiro lugar, eles realmente não são ovelhas legítimas e também não sabem como responder, porque a resposta em muitos casos foi: ‘Não, não, não, não, não somos como eles.’ E ‘eles’, é claro, são evangélicos conservadores e crentes na Bíblia, aquelas pessoas que sempre foram difamadas pela cultura em geral”.
Porém, disse o pastor, esse tipo de abordagem amigável ao mundo “não está mais funcionando, porque não basta apenas não se apegar firmemente às verdades do Evangelho e não se apegar firmemente àquelas coisas que a cultura considera ofensivas”, já que os inimigos da cruz já identificaram os pontos de fraqueza e estão atacando de maneira frontal.
“Qualquer identificação agora com o cristianismo, que é visto como o tipo de bicho-papão hegemônico na cultura neomarxista moderna, é ofensiva. Então, muitas pessoas são pegas desprevenidas por causa de compromissos que fizeram há muito tempo e que pareciam estar valendo a pena”, constatou, referindo-se à conta que é cobrada pela postura dúbia.
Baucham, enfim, pregou um retorno ousado ao cerne do cristianismo, o Evangelho não adulterado, enfatizando a necessidade de as igrejas permanecerem firmes nas verdades bíblicas sem concessões, mesmo diante da pressão cultural e difamação:
“Precisamos nos preparar para a oposição, não só para a oposição que vem, mas para a oposição que já está aqui. Precisamos saber no que acreditamos e por que acreditamos. Precisamos estar preparados para dar resposta a quem nos pergunta a razão da esperança que há em nós. Precisamos estar preparados para falar com essa cultura pós-cristã. Por fim, precisamos estar preparados para aceitar as consequências disso, que são desagradáveis”, finalizou, de acordo com informações do portal The Christian Post.