As declarações do ex-deputado federal José Genoino (PT) sobre um processo de regulação e limitação das atividades das igrejas no Brasil foram comentadas pelo pastor e teológo Yago Martins, que tratou o plano como “perseguição”.
Yago Martins lembrou que a ideia de cobrar impostos das igrejas, um dos aspectos da declaração de José Genoino, é incoerente pois não se estende a outras entidades que, igualmente, não visam lucro:
“Partidos políticos não pagam impostos no Brasil. ONGs não pagam impostos no Brasil. Sabe quem é que paga imposto? Aquele que retira o dinheiro da ONG. Quem tira o dinheiro da igreja, paga imposto. Eu sou um pastor de igreja, e a igreja não paga imposto com base na sua receita. […] Como uma instituição do terceiro setor, não tem fins lucrativos. A pessoa recebe só um pro-labore, um salário. Eu recebo todo mês um pro-labore da minha igreja e eu pago imposto em cima do dinheiro que eu recebo”, exemplificou.
Para haver equidade, na visão do pastor da Igreja Batista Maanaim, essa mudança na legislação vigente deveria atingir as demais entidades que hoje gozam de isenção: “Se você quer que igreja pague imposto, bota partido político para pagar imposto também. Agora as ONGs todas vão pagar imposto. Alcoólicos Anônimos, clínica de reabilitação, gente que está dando comida para morador de rua. Bota para pagar imposto também!”.
“Ah, não? Não é para todo mundo? É só para gente que é igreja porque vocês odeiam igrejas. Odeiam os ideais conservadores, vocês odeiam a nossa fé, o modo como a gente escolheu viver a nossa vida, vocês querem impedir que a gente viva nossa vida social, impedir a influência cristã na sociedade. E fazem isso de uma forma que não tratam outros institutos”, acrescentou.
Essa particularidade evidencia que há uma intenção de perseguição religiosa: “Para não parecer que a gente está perseguindo igrejas, a gente tem que perseguir outros também. […] Vocês são malucos, né? É claro que vocês estão perseguindo igrejas. Quando o objetivo é controlar, limitar, regular igreja, e vocês têm um caminho de limitar e regular outras instituições para poder chegar na igreja, isso é só psicopatia”.
“Tu fala para qualquer um ver um plano para dominar, regular e impedir a atividade das igrejas, caramba. Tu está falando que o teu interesse é regular igreja e que quer regular outras instituições ao lado da igreja”, disse. “A gente tem aqui uma história do bem contra o mal. Tem gente querendo viver a sua fé, e tem gente querendo impedir, dificultar, a vida de quem vive pacificamente a sua fé”.