O YouTube está restringindo o acesso aos vídeos sobre os Dez Mandamentos produzidos pelo canal da PragerU, rotulando-os como conteúdo adulto “inapropriado” para públicos “sensíveis”.
Em uma série de postagens no Twitter na última terça-feira, 27 de agosto, a PragerU – uma entidade educacional sem fins lucrativos de viés conservador – informou que centenas de vídeos, incluindo muitos focados na explicação dos Dez Mandamentos, estavam sendo restringidos pelo YouTube. Isso limita o acesso dos espectadores aos vídeos e reduz a receita de anúncios para a entidade.
“Nossa última contagem foi realizada em abril e naquela época havia mais de 100 vídeos do PragerU restritos – incluindo mais de 50 dos nossos vídeos de 5 minutos. Atualmente, existem mais de 240 vídeos do PragerU restritos, incluindo mais de 100 dos nossos vídeos de 5 minutos”, publicou a conta oficial da entidade.
“Entre os vídeos recentemente restritos, há mais vídeos de nossa série sobre os 10 mandamentos com Dennis Prager, incluindo ‘não usar o nome de Deus em vão’, ‘não roubar’, ‘não cobiçar’. Por que o YouTube restringiria esses vídeos?”, questionou a entidade.
De acordo com informações do portal The Christian Post, a PragerU abriu uma petição exigindo que o YouTube remova a restrição de idade nos vídeos. Até o fechamento desta matéria, mais de 654 mil pessoas já haviam assinado.
“Não há desculpa para o Google e o YouTube censurarem e restringirem vídeos PragerU, que são produzidos com o único objetivo de educar pessoas de todas as idades sobre os valores fundamentais dos EUA”, argumentaram os responsáveis pelo canal. “Precisamos da sua ajuda para informar ao YouTube que a restrição de nossos vídeos está errada. Junte-se aos milhares […] que valorizam a livre troca de ideias”, acrescenta o texto.
O PragerU é um canal conservador do YouTube, com mais de 1 milhão de assinantes, liderado pelo radialista conservador Dennis Prager. Anteriormente, a plataforma de vídeos do Google já havia censurado muitos vídeos do canal, bloqueando ou restringindo o conteúdo para ser visto apenas por públicos “maduros”.
Em outubro de 2017, a PragerU entrou com uma ação contra o Google e o YouTube no Tribunal Distrital dos EUA no Distrito Norte da Califórnia, acusando-os de discriminação ideológica.
Em março de 2018, a juíza distrital dos EUA, Lucy Koh, negou provimento ao processo federal da PragerU, argumentando que o Google e o YouTube “são entidades privadas que criaram seu próprio site de mídia social de compartilhamento de vídeo e tomam decisões sobre se e como regular o conteúdo que foi carregado nesse site”.
PragerU recorreu da decisão da juíza Koh no Tribunal de Apelações dos Estados Unidos para o Nono Circuito e terá alegações orais na próxima semana.
Em janeiro deste ano, a PragerU entrou com uma segunda ação contra o Google e o YouTube no Tribunal Superior da Califórnia pelo condado de Santa Clara, acusando-os de violar as leis estaduais.
A ação estadual argumentou que o YouTube censurou o PragerU por meio de seu “Modo restrito”, um protocolo de filtragem usado para bloquear conteúdo considerado “inadequado” para públicos “sensíveis”; e por meio das “restrições à publicidade”, que proíbem os anunciantes de acessar vídeos considerados “inadequados” para publicidade.
“O Google/YouTube usa esses mecanismos de filtragem como pretexto para justificar a restrição e censura dos vídeos da PragerU. E o Google/YouTube continua fazendo isso, mesmo que o conteúdo dos vídeos do PragerU esteja em conformidade com os critérios escritos do YouTube”, dizia o processo.