O Ministério Público Federal fez um evento de entrega simbólica à sociedade das mais de dois milhões de assinaturas que apoiaram a iniciativa 10 Medidas Contra a Corrupção. Lideranças evangélicas participaram da cerimônia na Procuradoria Geral da República, em Brasília (DF).
Dentre os presentes, além do procurador Deltan Dallagnol, estiveram os pastores Armando Bispo, da Igreja Batista Central (IBC) de Fortaleza (CE); Luiz Roberto Silvado, da Igreja Batista do Bacacheri, de Curitiba (PR); e a psicóloga Marisa Lobo.
Dallagnol, que é o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, foi aplaudido pelos movimentos sociais, sendo chamado de “patriota” pela plateia, segundo informações da revista Veja. Agradecendo o carinho, o procurador afirmou que o protagonismo era da sociedade, por ter recolhido as assinaturas da campanha.
Marisa Lobo, presente no evento, destacou a importância da iniciativa: “As 10 Medidas não visam prejudicar um partido ou sistema de governo específico, mas sim combater a corrupção em todos os setores […] visam fechar as brechas que possibilitam a corrupção da sociedade, dos poderes, não só político, mas também judiciário. Esta não é uma iniciativa de um segmento ou partido, é o povo que está pedindo e nós temos que aproveitar essa janela de oportunidade que se abriu para lutar contra a corrupção”, afirmou, em entrevista ao portal Guia-me.
O pastor Luiz Roberto Silvado classificou a entrega das assinaturas como um “momento histórico” de demonstração da força do povo, afinal, a campanha vai gerar um projeto de lei de iniciativa popular. “Colher mais de dois milhões de assinaturas já foi um evento incrível e a oportunidade de participar da entrega, um presente de Deus. Jamais esquecerei. O povo brasileiro manifestou- se de forma veemente e terá que ser ouvido. As dez medidas terão que ser aprovadas na íntegra”, destacou.
A proposta contém 20 itens, divididos em dez temas, sendo a maioria inspirados na Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, assinada em Mérida, no México, em 2003, e ratificada pelo Brasil. Dentre as principais medidas estão a que propõe a criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos e a que pede o aumento das penas para crimes de corrupção, além de classificá-la como crime hediondo.
Silvado destacou que a participação de lideranças cristãs mostra o comprometimento da Igreja de Cristo com o combate aos desmandos políticos: “A igreja se envolveu de um forma efetiva, os batistas brasileiros deram uma resposta positiva, e nós entramos em contato com outras denominações, pentecostais e outras históricas, como os presbiterianos, e tivemos respostas muito positivas também”.
Por fim, destacou que, em seu ponto de vista, “a política partidária é incompatível com a função de um pastor”, mas isso não impede que os sacerdotes atuem politicamente: “A função da igreja é estimular o exercício da cidadania […] Certo dia, por exemplo, mobilizamos os jovens de nossa igreja a limpar um córrego de nossa cidade, porque isto iria contribuir para uma melhoria da qualidade de vida da população. Os membros da igreja, como cidadãos devem ser desafiados a agir na sociedade”.