O ex-presidente Lula (PT) resolveu recorrer a Deus para que o juiz federal Sérgio Moro mude sua postura, firme e contundente, em relação aos crimes descobertos pela Operação Lava-Jato.
Em entrevista concedida essa semana, Lula adotou postura mais humilde, diferente das bravatas exibidas logo após o depoimento prestado sob condução coercitiva no início desse mês, quando se comparou a uma resistente jararaca.
“Espero que Deus ponha a mão na cabeça dele, que ele seja justo com as pessoas que ele está analisando e julgando. Só espero isso. Não quero nada mais, nada menos, quero ter o tratamento que todo cidadão brasileiro tenha neste país”, afirmou o ex-presidente, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, referindo-se a Sérgio Moro.
“Tudo que se sabe do juiz Moro é que ele é uma figura inteligente, competente, mas como ser humano temo que a mosca azul faça seus efeitos”, afirmou Lula, fazendo referência à atenção que a mídia tem dado ao magistrado. O termo “mosca azul” é uma figura de linguagem usada para se referir à soberba e ao orgulho.
Lula disse ainda que se sentiu “ofendido” com a postura de Moro de remover o sigilo das gravações feitas nos grampos dos telefones usados por ele, inclusive as que incluíam conversas com a presidente Dilma Rousseff (PT).
A repercussão das gravações levou o juiz Moro a se desculpar pelos desdobramentos que a divulgação das informações causou, dizendo que “jamais” teve a intenção de “provocar tais efeitos”, pois seu objetivo, com a retirada do sigilo dos grampos não era “gerar fato político-partidário, polêmicas ou conflitos”.
Omissão?
A postura de Lula, agora, é diferente da adotada em outras ocasiões. Recentemente, o ex-presidente afirmou que a força-tarefa comandada por Moro poderia terminar com muitas empresas quebradas e trabalhadores desempregados, e sugeriu aos militantes petistas que o questionassem ao Ministério Público e a Polícia Federal se essas consequências estão sendo levadas em conta durante a investigação.
Em outro momento, Lula disse que considerava Deus “omisso” nos escândalos de corrupção da Petrobras “Eu espero que um dia Deus, vendo tudo que está acontecendo no Brasil, carimbe na testa das pessoas o que ele vai ser quando ele tiver um emprego —se vai ser ladrão, se vai ser honesto ou não. Você sabe que muitas vezes aquele cara que parece que é um santo, na verdade é um bandido. O que parece bandido é um santo”, disse.