Após resolver ler uma trecho da Bíblia e doar o livro sagrado de presente para uma condenada por assassinato, após um julgamento, a juíza Tammy Kemp, do Tribunal Distrital do Condado de Dallas, Texas, Estados Unidos, está enfrentando a acusação de ter praticado “proselitismo” religioso na Corte.
Este caso ganhou repercussão internacional após o irmão da vítima, Botham Jean, que era ministro de louvor, comparecer ao julgamento da ex-policial Amber Guyger e decidir lhe perdoar publicamente por ter matado o seu irmão.
A morte de Jean ocorreu em setembro de 2018, quando Amber entrou por engano em um apartamento achando que era o seu, localizado no mesmo edifício onde mora. Ao se deparar com a silhueta de um homem alto, ela sacou a arma e atirou, acreditando se tratar de um invasor. A própria policial, na época, ligou para o serviço de socorro.
Amber foi condenado pela juíza Kemp há 10 anos de prisão, mas no final no julgamento a juíza orientou a ex-policial a mudar de vida. Quando Amber falou que não tinha uma Bíblia, Kemp foi ao seu escritório e buscou um exemplar do livro sagrado. Recitou a passagem de João 3:16 e lhe deu de presente.
“Eu disse a ela:‘ Senhora Guyger, Brandt Jean te perdoou. Agora, por favor, perdoe a si mesma para que você possa viver uma vida produtiva quando sair da prisão”, disse a juíza ao jornal The New York Times.
“Ela me perguntou se eu achava que a vida dela poderia ter um objetivo. Eu disse: ‘Eu sei que pode.’ Ela disse: ‘Não sei por onde começar, não tenho uma Bíblia’”, completou, lembrando que em seguida que a detenta lhe pediu um abraço, e ela lhe deu.
Para a organização de ateus Freedom From Religion Foundation, Kemp praticou “proselitismo” religioso e por isso apresentou uma queixa na Comissão de Conduta Judicial do Texas.
“Entendemos que foi um momento emocionante, principalmente quando o irmão da vítima, Brandt Jean, perdoou publicamente e abraçou Guyger. É perfeitamente aceitável que os cidadãos expressem suas crenças religiosas no tribunal, mas as regras são diferentes para aqueles que atuam em um papel governamental”, disseram Dan Barker e Annie Laurie Gaylor, presidentes da organização.
O caso continuará repercutindo, mas até então a postura da juíza Kemp recebeu mais elogios do que críticas, devido à demonstração de humanidade diante do julgamento de uma mulher condenada por assassinato.