Em 22 de setembro, membros do grupo terrorista islâmico Boko Haram divulgaram um vídeo onde aparecem dois missionários cristãos, ambos envolvidos em um trabalho humanitário na região de Maiduguri, na Nigéria, sendo executados por três homens emcapuzados e fortemente armados.
Os dois missionários são Lawrence Duna Dacighir e Godfrey Ali Shikagham, os dois membros da Igreja de Cristo nas Nações (COCIN) no estado de Plateau. Os terroristas aparecem atrás deles, após a captura na província da África Ocidental (ISWAP). Os dois foram mortos com tiros pelas costas.
“Lawrence e Godfrey deixaram Abuja para Maiduguri em busca de oportunidades de utilizar suas habilidades para o bem da humanidade e acabaram pagando com suas vidas”, disse o Rev. John Pofi, pastor da COCIN, que também é primo dos dois homens.
“Nunca conseguiremos enterrar seus cadáveres. A comunidade terá que se contentar com um memorial improvisado para essas jovens vidas interrompidas de maneira tão horrível”, completou, segundo informações do Morning Star News.
O advogado Emmanuel Ogebe, do US-Nigeria Law Group, uma empresa de consultoria jurídica com ênfase nos direitos humanos, escreveu uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas cobrando providências do órgão junto ao governo da Nigéria, visto que essa já é a 40° morte de agentes humanitários no país.
“Lawrence e Godfrey estavam usando suas habilidades para fornecer uma necessidade humana básica de abrigo a outras pessoas quando eles foram mortos”, afirmou Ogebe, lembrando de outro agente sequestrado e morto em julho, membro da Ação Contra a Fome no país, segundo o Christian Today.
“Excelência, desejamos chamar sua atenção urgente para o fato de que, juntamente com a execução do assistente humanitário Hauwa Liman (CICV), neste período do ano passado, o número recorde de assistentes humanitários abatidos por terroristas na Nigéria na última década é agora superior a 40″, disse na carta.
O Rev. John Pofi, por sua vez, também questionou qual será o futuro da Nigéria com tamanho descaso do governo diante do aumento de tais casos. Ele acredita que à adesão cada vez maior de jovens ao radicalismo islâmico é fruto da falta de apoio e investimento estatal.
“Se o governo federal tivesse se antecipado em criar oportunidades econômicas para aqueles se juntaram a grupos extremistas e devolvido a segurança ao país, meus primos não estariam mortos agora”, disse Pofi.
“Devemos nos perguntar se esse é o tipo de país que queremos, onde jovens que ganham uma vida honesta são brutalmente mortos, enquanto aqueles que sequestram e matam outros são convidados a dialogar com o governo”, conclui.