O ativismo ateu, também tratado como neo-ateísmo, segue uma lógica particular de tentativa de convencimento de religiosos sobre a não-existência de Deus, mas também de “proselitismo”, já que tenta atrair quem esteja indiferente na discussão através de argumentos, a princípio, racionais, mas que terminam se traduzindo em perseguição religiosa.
O tema foi discutido no programa De Tudo Um Pouco, da Rede Super de Televisão, com o teólogo Rodrigo Silva, que definiu o neo-ateísmo como um “evangelismo às avessas”.
“Vemos o advento do ateísmo com força, e ele tem diferenças do ateísmo clássico, do século 18, 19 e início do século 20. Qual a diferença? O chamado neo-ateísmo é acima de tudo evangelizador, pois ele tem seus pregadores. […] Vários autores estão popularizando através de livros, querendo levar a juventude para essa ideologia ateia”, disse o teólogo.
Um ponto que Silva destacou como surreal é que esse movimento se vale do discurso que seria “possível ter uma vida espiritual sem Deus, ter valores sem Deus”, o que transforma o neo-ateísmo em uma espécie de religião.
Como consequência dessa nova roupagem, há efeitos colaterais que se traduzem em perseguição religiosa, como em países comunistas e até nos Estados Unidos, onde grupos organizados se valem de chantagens judiciais para silenciar comunidades e tradições.
Para o teólogo, esse movimento já desembarcou em terras tupiniquins: “Nós temos no Brasil um movimento de esquerda muito forte, que é muito ligado a algumas tendências marxistas, alguns posicionamentos de autores de linha marxista e que quase emplacaram nas universidades públicas do ateísmo metodológico”.
“Em muitas universidades públicas, você não pode falar de Deus porque esse assunto é para a igreja, mas pode falar do ‘não Deus’. Eu não posso chegar na UFMG e propor de estudar Deus em uma tese de doutorado. Mas eu posso propor de estudar o ateísmo. Interessante, se não pode falar de Deus, não pode falar da existência e nem da não existência”, pontuou.
Silva destaca também que já se registram ofensas ao cristianismo nas salas de aula: “Tem muitos jovens católicos e evangélicos que dão depoimentos que quando vão às universidades e há uma verdadeira sensação de bullying. Realmente vivemos um paradoxo, pois hoje qualquer assunto que você fala sobre homossexualismo ou drogas, você está ofendendo o direito do outro de usar um baseado ou o direito do outro da opção sexual, mas você pode […] falar contra Deus, falar que a Bíblia é ridícula e está tudo bem, ninguém fala nada”.
Tornando seu raciocínio mais abrangente, o teólogo usou a narrativa dos filmes Deus Não Está Morto como ilustração: “A realidade americana é muito forte nesse sentido. Esses filmes mostram que você não pode fazer uma oração antes de começar a aula, você não pode mencionar Deus”.
“Isto é uma realidade que acontece nos Estados Unidos e que está chegando com força total no Brasil, infelizmente. Mas tudo bem, Jesus falou que no mundo teríamos aflições, falou que a fé se esfriaria, que o amor se esfriaria. E nós estamos aqui para mostrar que acreditamos em Cristo e estamos dispostos a dar nossa vida pelo Evangelho, como fizeram os mártires do passado”, concluiu. Assista à entrevista: