Bernardo Dugin, ator que já atuou em produções com temáticas bíblicas como “Reis”, “Gênesis” e “Jesus”, todas exibidas pela Rede Record, resolveu denunciar o padre Antonio Carlos dos Santos, da Diocese de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, pelo suposto crime de “homofobia“.
Isso porque, no último dia 30, o líder religioso foi o responsável por realizar a Missa de Sétimo Dia de um parente do ator, e na ocasião acabou pregando contra a união gay, considerada um pecado à luz da Bíblia sagrada.
“Já era um momento muito difícil para a minha família inteira”, disse o ator, “e na hora da homilia, o padre disse ‘que o demônio tá entrando na casa das pessoas de diferentes formas para destruir as famílias, na representação da união de pessoas do mesmo sexo, homem com homem, mulher com mulher’”.
Dugin também contou que estava com um companheiro no momento, além dos familiares. “Estavam presentes meu pai, minha mãe, minhas avós, meu namorado, meu irmão, minha cunhada e meus sobrinhos — de 8, 10 e 13 anos”, relatou.
Denúncia
O caso foi parar na 151ª Delegacia de Polícia de Nova Friburgo. O ator acusou o padre de crime, alegando que a liberdade religiosa não dá respaldo para o suposto “discurso de ódio”. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Dugin se referiu a padre dizendo que “agora o senhor vai ter que responder na Justiça pelo crime que cometeu”.
Discurso de ódio é a narrativa que tem preocupado líderes religiosos e conservadores em geral, dado à subjetividade do conceito, já que em termos práticos ele pode ser usado por qualquer pessoa que se sinta incomodada com opiniões divergentes sobre determinados assuntos, especialmente os de natureza íntima.
De acordo com o portal ACI Digital, por exemplo, o padre denunciado fez uma pregação que, embora inadequada para a circunstância, está respaldada em três artigos do Catecismo da Igreja Católica.
Em um deles, por exemplo, o documento diz que os atos homossexuais “são contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.”
Em outro trecho do Catecismo, a Igreja Católica diz, com relação aos homossexuais, que “esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação”
Os gays, contudo, “devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição”, diz o documento.
Pedido de desculpa
Após a repercussão do caso envolvendo o ator e o padre, o bispo de Nova Friburgo (RJ), dom Luiz Antonio Lopes Ricci, emitiu uma nota pedindo desculpa aos familiares do artista, bem como ao mesmo.
“A Diocese de Nova Friburgo, por meio de seu Bispo Bom Luiz Antonio Lopes Ricci, lamenta profundamente o ocorrido com o ator Bernardo Dugin, durante a Santa Missa de 30 de abril, na Capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova Friburgo. Pedimos perdão às pessoas que se sentiram ofendidas e reafirmamos aquilo que é recorrente nas orientações do Bispo para os padres e leigos: misericórdia, respeito, diálogo, tolerância e reconciliação”, diz um trecho da nota.