Barack Obama vem, aos poucos, expondo sua verdadeira face: um progressista descompromissado com valores da fé cristã, que ele diz professar. A mais recente evidência disso está numa crítica feita por ele aos evangélicos latinos por se oporem ao aborto e união entre pessoas do mesmo sexo.
O ex-presidente dos Estados Unidos sempre se apresentou como cristão, mas teceu duras críticas aos evangélicos, em especial aos latinos com cidadania norte-americana, que optaram por votar em Donald Trump ao invés de Joe Biden, devido suas posições a respeito de aborto e o chamado “casamento gay”.
“As pessoas ficaram surpresas com muitos latinos que votaram no Trump. Mas há muitos hispânicos evangélicos […] O fato do Trump dizer coisas racistas sobre os mexicanos ou colocar trabalhadores sem documentos nas jaulas, eles acham que isso é menos importante do que seu apoio às suas opiniões sobre o casamento gay ou o aborto”, afirmou Obama durante episódio do podcast The Breakfast Club.
De acordo com informações da agência Associated Press, as “jaulas” a que Barack Obama se refere são os centros de detenções provisórias construídos próximo à fronteira com o México, para manter imigrantes ilegais enquanto a deportação não é oficializada. Essas instalações foram construídas durante os mandatos do próprio Obama e aprovadas por ele.
Recentemente, Obama já havia dito que as igrejas cristãs deveriam parar de enfatizar temas como a proteção à vida e ao casamento, instituição bíblica e primária para a formação da família como célula da sociedade.
O outro lado
Um dos estrategistas de campanha do presidente Donald Trump, Giancarlo Sopo, rebateu as declarações de Barack Obama: “Nossa publicidade e comunicação latina se concentraram amplamente em questões econômicas, segurança pública, América Latina e socialismo”, disse Sopo ao portal National Review.
“Nunca exibimos um único anúncio que mencionasse o casamento gay e, embora nossos apoiadores abordassem o aborto na mídia, nossa única publicidade sobre o assunto se limitou a um modesto espaço numa rádio do Novo México”, acrescentou.
O estrategista de Trump frisou ainda que a busca pelos votos dos latinos foi feita através da abordagem de diversos temas: “Em estados como Texas e Arizona, onde os latinos são predominantemente mexicanos-americanos, as fortes políticas e medidas de fronteira do presidente para combater a pobreza foram muito populares”, disse Sopo.
“Enquanto isso, a lei e a ordem eram a principal prioridade para os eleitores em áreas com grandes comunidades porto-riquenhas, como Orlando e Filadélfia”, destacou.
Outro ponto que pesou contra o voto de latinos com cidadania norte-americana em Joe Biden é o fato de que há, atualmente, no Partido Democrata, um claro viés socialista. A experiência da comunidade latina com modelos de governo e economia socialistas os leva a rejeitar, de forma categórica, a possibilidade de apoiar um candidato que flerte com esse sistema.
Obama on @breakfastclubam: “… There’s a lot of evangelical Hispanics who, the fact that Trump says racist things about Mexicans, or puts undocumented workers in cages, they think that’s less important than the fact that he supports their views on gay marriage or abortion.” pic.twitter.com/8OpocwYrLV
— The Recount (@therecount) November 25, 2020