Considerado papa emérito pelos católicos romanos, Bento XVI publicou um artigo onde pede perdão em nome da Igreja Católica pelos abusos sexuais cometidos por padres e outras lideranças. O líder religioso disse ter “profunda vergonha” da avalanche de denúncias que veio à tona envolvendo os clérigos da instituição nos últimos anos.
“Em todos os meus encontros, especialmente durante minhas muitas viagens apostólicas, com vítimas de abuso sexual por sacerdotes, vi em primeira mão os efeitos de uma falta muito grave”, afirmou o papa emérito em seu comunicado, publicado pelo site oficial do Vaticano em vários idiomas.
Bento XVI admitiu que houve negligência por parte da cúpula católica diante dos casos de abuso, o que chamou de “falha grave” a ser devidamente enfrentada, em vez de omitida ou ignorada, como já alegaram alguns críticos no passado.
“Cheguei a entender que nós mesmos somos atraídos para essa falha grave sempre que a negligenciamos ou deixamos de enfrentá-la com a determinação e a responsabilidade necessárias, como muitas vezes aconteceu e continua a acontecer”, disse ele.
O próprio Papa Emérito também reconhece que poderia ter agido melhor enquanto esteve a frente da Igreja Católica, dizendo sentir “dor” pelos casos ocorridos durante a sua gestão. O líder católico disse ainda que os abusos cometidos causaram dados irreparáveis a cada uma das vítimas.
“Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica. Ainda maior é a minha dor pelos abusos e erros que ocorreram nesses diferentes lugares durante o tempo do meu mandato. Cada caso individual de abuso sexual é terrível e irreparável. As vítimas de abuso sexual têm minha mais profunda simpatia e sinto grande tristeza por cada caso individual”, destacou.
Por fim, o líder católico reforçou o seu pedido de perdão, alegando que colaborou com as investigações envolvendo a igreja, com um testemunho que rendeu mais de 80 páginas em um relatório final. Hoje com 94 anos, o ex-pontífice disse que agora aguarda o julgamento de Deus.
“Em breve, estarei diante do juiz final da minha vida. À luz da hora do julgamento, a graça de ser cristão se torna ainda mais clara para mim”, concluiu.