A real possibilidade de uma disputa direta entre Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições presidenciais motivou a ex-senadora a partir para o ataque contra o deputado federal.
Numa entrevista concedida ao jornal O Globo, Marina Silva definiu Bolsonaro como alguém que “evoca o lado escuro da força”, fazendo uma alusão à descrição que a saga de filmes Star Wars usa para se referir ao mal.
“Um candidato que evoca o lado escuro da força, e em momentos de crise a história já mostrou a que leva esse tipo de evocação. Um candidato de cunho populista, com viés autoritário muito forte, que não respeita Direitos Humanos, as minorias, e não respeita a própria democracia, muito embora usufrua dela para defender suas ideias antidemocráticas”, disparou Marina Silva.
A proximidade de Bolsonaro com setores expressivos do meio evangélico foi tomada pela repórter Letícia Sander como uma conversão automática do deputado à tradição evangélica. A partir desse raciocínio, questionou como Marina via a disputa entre ela, fiel da Assembleia de Deus, e o católico Bolsonaro, apoiado por lideranças da mesma denominação, como o pastor Silas Malafaia.
“Não gosto dessa dicotomia de dividir os candidatos de acordo com a fé que professam. Eu tenho a noção do que é o Estado laico, aliás, o Estado laico foi uma grande contribuição da Reforma Protestante, e só os que desconhecem a história advogam que ser cristão evangélico é, a priori, ser contra o Estado laico. Então, eu posso até ter adversários ideológicos, mas não quero que se faça no Brasil uma guerra santa”, ponderou a ex-senadora.
Ao final, Marina Silva negou a possibilidade de se aliar a Joaquim Barbosa (PSB) como candidata a vice-presidente, mas deixou aberta as chances de dialogar em outras condições, que incluem necessariamente seu nome como cabeça de chapa.
“Acho interessante que algumas pessoas, não importa quanto eu pontue nas pesquisas, não consigam me ver como uma possível candidata à presidência da República. Às vezes eu pergunto: será que é por eu ser mulher? Será que é porque sou de origem humilde? Será que é porque sou negra? Será que é porque sou cristã evangélica? Independentemente de toda a trajetória, de 2010, de em 2014 ter sobrevivido a um massacre e ter 22 milhões de votos, de continuar a fazer política em condições inteiramente franciscanas e, mesmo assim, estar conseguindo ter o respeito e uma intenção de votos que para qualquer um é valorizada… por que, em relação a mim, as pessoas só conseguem indagar se eu aceitaria ser vice? Por que ninguém consegue fazer uma outra pergunta? Nós tomamos uma decisão depois de uma discussão muito acurada. Temos um projeto que não dependerá das candidaturas. Estamos abertos ao diálogo? Sim, mas com muito respeito por nossa candidatura”.