O reverendo Caio Fábio concedeu uma entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, na última quarta-feira, 11 de novembro, e em meio às suas usuais declarações polêmicas, fez críticas a líderes como Silas Malafaia e Edir Macedo, e disse que há mais de duas décadas alertava a comunidade evangélica sobre riscos de aceitar que igrejas como a Universal do Reino de Deus trariam.
“Se vocês continuarem a consentir que esse pessoal se diga evangélico, vai chegar uma hora em que vocês todos serão identificados a partir deles”, disse Fábio, reproduzindo um conselho que teria dado às lideranças evangélicas que atuavam ao seu lado na antiga Associação Evangélica Brasileira (AEVB)
Questionado pelos humoristas sobre o sinuoso tema dos dízimos e ofertas, Caio Fábio reiterou sua visão neotestamentária da contribuição voluntária e não estipulada: “Acho que tinha que botar a Lava-jato em cima desse pessoal todo [que defendem contribuições obrigatórias], porque é mais do que absurdo, é patético, sobretudo porque isso é feito em nome de Deus, em nome de Jesus. Deus não está de olho no carro de ninguém, não precisa do dinheiro de ninguém. Deus vai bem, obrigado. Sou contra qualquer forma de participação não voluntária. Acho que tem que ser em espírito e vontade, para ter contato com Deus, você tem que chegar nu e não pode propor barganhas”, afirmou.
Sobre os motivos de seu desligamento da AEVB e da Igreja Presbiteriana, após concluir o tempo de afastamento por causa de seu divórcio, Caio Fábio foi enfático: “Eu me desliguei porque cheguei à conclusão de que aquilo [movimento da teologia da prosperidade] era irreversível, porque vi que aquilo tinha se tornado de uma natureza absurda. E nenhum deles me enfrenta por quê? Porque não aguentam me olhar no olho, porque temem o atropelo da verdade”.
Ainda sobre a ‘explosão’ do neopentecostalismo, Caio Fábio lembra que foi nessa época que o foco foi mudando dentro das igrejas evangélicas: “Tornaram-se um ramo de negócios muito lucrativo”, com sua natureza “pervertida” através de líderes como Macedo e Malafaia, de quem disse saber “de muita coisa”, o que garantiria a ele imunidade nas críticas que faz.
Segundo Caio Fábio, “99% desses ‘endemoniados’ que vocês veem na TV são só os condicionados e tem uma quantidade de contratos, porque eu já vi”. O reverendo detalhou sua acusação: “Não tem nada a ver com diabo ou coisa alguma, tem a ver com a cultura afro de incorporação que o Macedo explorou e usa como catarse, de exorcismo. Quanto menos as pessoas são tratadas, mais público eles têm, ao invés de tratar o problema psicológico, isso é apelidado de demônio e servem como entes crônicos que voltam num ciclo de dois em dois meses para ter um surto daquele, se livrar e ficar devendo tal benção. É questão de saúde mental saber disso”.
Papa Francisco
Caio Fábio disse ter afeição pela figura do papa: “Ele é ótimo, um cara muito bom, um ser humano legal. E eu acho que a Igreja católica não precisa de ninguém que seja melhor, superior, a um ser humano. Que não é irreal, inviável, porque a maioria deles sempre foi de figuras de atitudes, no mínimo, não confiáveis, quando não eram perversos”, comentou.
Falando sobre as denúncias recentes de que o clero da Igreja Católica no Vaticano tem resistido às reformas que Francisco pretende levar a cabo, o reverendo disse que espera que o papa “tenha peito para bancar tudo”.
“Eles não aceitam rasgos simples da figura do Francisco, tudo vai ficando muito mais político do que eu acho que ele realmente queria. Mas de duas semanas para cá, ele já começou a soltar as estribeiras e eu espero que ele tenha peito para bancar tudo. Ele vai conseguir transformar as coisas? Não, mas vai dar um alento para muitas pessoas. Foi um sopro de alento para a humanidade. Ele não é um indivíduo arrebatador, mas a gente está precisando de gente prudente, ponderada, que faça essas intervenções suaves e diplomáticas”, opinou.