Um juiz canadense exigiu que o pastor Artur Pawlowski, preso por realizar cultos em sua igreja durante o lockdown, deve pregar citando especialistas médicos no púlpito. Ele afirmou que não obedecerá a determinação.
O pastor, um cidadão canadense de origem polonesa, recebeu a determinação do juiz Adam Germain ao ser colocado em liberdade condicional. Ele havia sido preso no dia 27 de setembro, após retornar de uma viagem de 4 meses nos Estados Unidos.
Essa imposição do juiz vem sendo entendida como violação da liberdade religiosa na província de Alberta. O pastor recebeu liberdade condicional enquanto é julgado por desacato civil por realizar cultos durante o lockdown.
O juiz Germain impôs, ainda uma multa de dezenas de milhares de dólares ao pastor. Na sentença, demandou que Pawlowski repita “a maioria dos médicos especialistas em Alberta” a respeito do distanciamento social, uso de máscaras e vacinas, mesmo durante suas pregações.
“O prazo final de seu mandado de liberdade condicional será quando ele estiver exercendo seu direito de liberdade de expressão e falando contra ordens e recomendações da Secretaria de Saúde, em uma reunião pública ou fórum público (incluindo mídia social eletrônica)”, disse o juiz, impondo a censura.
Trocando em miúdos, se o pastor ousar criticar as medidas governamentais, inclusive as que resultam em cerceamento da liberdade religiosa, poderá voltar a ser preso.
Ditadura
Em entrevista à emissora Fox News, Pawlowski declarou que não tem intenção de cumprir a determinação do juiz, que ele classificou como “inconstitucional”, “ilegal” e um exemplo claro de “discurso forçado como na China e na Coreia do Norte”.
“Este juiz desonesto quer me transformar em um repórter da CBC ou repórter da CNN, que toda vez que estou em público, toda vez que estou abrindo minha boca, devo orar seu mantra ao governo”, desabafou o pastor.
Em seguida, o líder evangélico afirmou que a imposição do juiz a ele é “sem precedentes” no Canadá.
Sua advogada, Sarah Miller, concordou e descreveu a sentença de Germain como “bizarra” e “provavelmente inconstitucional” sob a Seção 2 da Carta Canadense de Direitos e Liberdades, que garante a liberdade de expressão.
“Isso é total e totalmente novo no que diz respeito à sentença, tanto quanto posso ver ou pelo que estou familiarizada. Nunca ouvi falar de qualquer tipo de período probatório que inclua condições que obrigassem a certas palavras. Parece altamente incomum e raro”, “, disse Sarah Miller à Fox News.
A advogada ainda acrescentou que não está claro como e em que medida o discurso de Pawlowski será monitorado para cumprimento da sentença, mas observou que parece não haver advertência protegendo o que ele diz do púlpito.
“Eles estão me dizendo o que posso e não posso pregar”, protestou Pawlowski. “Eles estão me dizendo que toda vez que eu quiser falar ao público, tenho que vomitar a mentira deles primeiro para que eu possa entregar minha mensagem. Essa é a China. Essa é a Coreia do Norte”, finalizou.