Localizada na África do Norte, a Argélia – oficialmente República Argelina Democrática e Popular – possui 99% da sua população de 40 milhões de habitantes seguindo a religião muçulmana. Por causa disso, manter uma igreja no país não é tarefa fácil para os cristãos locais.
Exemplo disso foi uma tentativa recente, no último dia 25, das autoridades do governo de querer fechar uma igreja localizada em Ighzer Amokrane, a 192 quilômetros ao leste de Argel, que possui cerca de 300 membros cristãos.
Um grupo de militares armados chegou ao local pela manhã, mas como os líderes da igreja já haviam tomado conhecimento da ordem para fechar o templo, eles se reuniram no local à espera dos militares.
Estiveram no local um membro do conselho do grupo legalmente reconhecido de igrejas protestantes na Argélia, a Igreja Protestante da Argélia (l’Église Protestante d’Algérie, ou EPA) e seus advogados, todos com o apoio de outras 33 igrejas cristãs.
Enquanto o advogado Wahab Chiter questionava a ordem de fechamento do templo aos militares, os cristãos reunidos no templo, liderados pelo pastor Salah Chalah, oravam a Deus por uma solução pacífica. Eles se recusaram a sair do local, pois disseram que a ação do governo seria injusta.
O comandante da brigada de militares decidiu, por fim, ligar para o seu superior, que marcou um encontro com os líderes da igreja, ordenando a retirada dos militares, segundo o Morning Star News.
“O que acabou de acontecer foi um feito para a igreja argelina”, disse um dos líderes da igreja Ighzer Amokrane, Idjouadiene Madjid. “Permanecemos confiantes no Senhor. A mão que assinou a ordem de fechamento terminará assinando o decreto de seu cancelamento. Eu tenho uma garantia firme disso”.
Contexto
Desde o final de 2017 o governo da Argélia tem iniciado uma campanha contra a permanência de igrejas “clandestinas” no país. Para funcionar legalmente, os líderes precisam obter uma licença fornecida pelo governo.
Entretanto, essa licença dificilmente é fornecida, de modo que a Lei 03/06 que regulamenta o funcionamento dessas igrejas na Argélia serve muito mais como um pretexto para a perseguição religiosa aos cristãos.
“A maioria das igrejas da EPA foi desafiada a provar que está licenciada de acordo com uma portaria de 2006 [Lei 03/06] que estipula que todo culto não-muçulmano deve ser realizado em prédios especialmente designados para esse fim”, segundo um comunicado de imprensa do MEC.