Um grupo de pelo menos 50 cristãos chineses foi desafiado a manter sua fé em Jesus Cristo, após sofrer intimidação, tortura e agressão. Eles foram presos em fevereiro passado, acusados de incitar “a subversão do poder do Estado”, segundo relatos da igreja doméstica Early Child Covenant, que detalhou o acontecimento.
“Todos, incluindo crianças cristãs, idosos e mulheres grávidas, foram levados pela polícia e seus telefones foram apreendidos”, diz o comunicado, chamando atenção pela denúncia de que até gestantes estavam entre os detidos.
Esse tipo de prisão é motivada por intolerância religiosa e política, visto que o Partido Comunista Chinês enxerga os cristãos considerados “clandestinos” (ou seja, que não são controlados pelo Estado), como uma ameaça ao poderio do regime ideológico, que tem se intensificado nos últimos anos.
Agressões físicas e tortura psicológica fazem parte dos métodos de intimidação, como relata a igreja:
“Tang Chunliang e sua esposa foram atingidos no rosto por um policial à paisana na delegacia de polícia. Alguns, incluindo crianças, não comiam nada. Alguns não foram libertos até às 2:00 da manhã. Crianças cansadas dormiam em mesas e pisos gelados. Outros não foram libertados até às 6:00 da manhã”.
Outro comunicado feito pela igreja, em 02 de março, diz que até os parentes que foram visitar os cristãos presos foram interrogados e também agredidos pelos policiais.
“Às 2:00 da tarde, enquanto estavam sendo interrogados, eles foram pessoalmente humilhados, abusados e violentamente espancados por sete a oito policiais da Delegacia de Polícia de Chengdu Taisheng. Eles foram detidos por quase oito horas”, informa a igreja.
Acusar os cristãos de “subversão” é uma tática que esconde os interesses do Partido Comunista Chinês de se perpetuar no poder. O mesmo discurso é usado contra ativistas dos direitos humanos, como Wu Gan, que em 2017 foi condenado a oito anos de prisão pela mesma acusação.
“O tribunal descobriu que o réu Wu Gan ficou insatisfeito com o sistema político existente”, descreveu a sentença judicial na época, segundo informações do jornal britânico The Guardian. “Wu Gan usa há muito tempo redes de informação para espalhar uma grande retórica e atacar o poder do Estado e o sistema estabelecido pela constituição”.
Para Bob Fu, fundador da organização China Aid, esse tipo de prisão é “arbitrária” e demonstra como a liberdade de religião e pensamento são cerceados na China, segundo o Gospel Herald.