Mais um caso de perseguição religiosa envolvendo a prisão de um pastor e fiéis chamou atenção da comunidade cristã que vive sob o comunismo da China, país controlado pelo viés ideológico do único partido em seu território, o Partido Comunista Chinês (PCCh).
Dessa vez, policiais interromperam um estudo bíblico que estava sendo realizado na casa do pastor An Yankui, na cidade chinesa de Taiyuan. Cerca de 40 agentes se deslocaram até o local e na abordagem prenderam o líder religioso e mais cinco fiéis.
Os policiais também confiscaram o material de estudo bíblico e até vestimentas do coral da igreja, segundo informações do The Christian Post, reportadas da organização de vigilância religiosa International Christian Concern (ICC).
Este é mais um caso de perseguição às chamadas “igrejas domésticas” ou “clandestinas”, que são denominações não reconhecidas pelo governo comunista. Elas abrigam metade da população cristã da China, estimada em cerca de 60 milhões de pessoas.
Essas igrejas são consideradas “ilegais” por não se submeterem aos ditames do regime comunista chinês, onde uma série de regras visa controlar a atividade religiosa da população, definindo o que pode ou não ser dito, por exemplo, nas celebrações e estudos.
“Não é mais uma surpresa que uma igreja doméstica seja vista como um inimigo do estado e reprimida”, disse Gina Goh, gerente regional do ICC para o Sudeste Asiático, ao explicar que a intenção do ditador Xi Jinping é aumentar o controle do PCCh sobre as igrejas.
Na lista de perseguição religiosa da organização Portas Abertas publicada já esse ano, em 2021, a China aparece na 17ª colocação entre os 50 países que mais perseguem a liberdade de culto no país, algo que especialistas no assunto consideram um recorde nos últimos anos.
“A intensa pressão exercida cada vez mais sobre os cristãos pelo governo significa que a China saltou seis posições em relação à Lista Mundial da Perseguição 2020. Em apenas três anos, o país subiu 26 lugares, refletindo uma situação em rápida deterioração para os cristãos no país”, diz a Portas Abertas.
Segundo a entidade, mesmo as igrejas consideradas “legais”, ou seja, registradas pelo Partido Comunista, estão enfrentando restrições, um claro sinal de que a intolerância religiosa tem crescido durante o regime de Xi Jinping.
“Está ficando cada vez mais difícil evitar ter que se alinhar com a ideologia oficial, mesmo para igrejas filiadas ao Estado. Muitas igrejas que enfrentam controle rígido do Estado se reorganizaram e se dividiram em grupos menores – uma tática que nem sempre as salvou de intrusões”, diz a Portas Abertas.