O deputado federal e ativista gay Jean Wyllys (PSOL-RJ) vai enfrentar um processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar, devido à associação que fez entre o atentado terrorista na boate LGBT de Orlando, Flórida (EUA) e os deputados Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP).
A representação contra Wyllys foi feita pelo PSC, que alega que o deputado associou os nomes de seus colegas ao atentado terrorista de forma indevida, segundo informações da revista Exame.
A publicação de Jean Wyllys no Facebook, horas depois do atentado no dia 12 de junho, diz que os “discursos de ódio” de lideranças evangélicas podem motivar pessoas comuns a praticar violência contra homossexuais.
O que Wyllys classifica como “discurso de ódio” é a pregação bíblica de que a prática homossexual é pecaminosa.
“Quando criticamos os discursos de ódio dos ‘bolsomitos’ e ‘malafaias’ e ‘felicianos’ e ‘euricos’ e das ‘marisas lobos’ e ‘ana paulas valadões’ da vida e dos legislativo contra gays, lésbicas e transexuais, estamos pensando justamente no quanto o discurso de ódio proferido por essas pessoas – agora em alta porque aliados dos golpistas que tomaram a presidência da República – pode levar pessoas ‘de bem’ a praticar atos de violência física – assassinatos e agressões físicas – contra membros da comunidade LGBT”, escreveu Jean Wyllys.
Ameaça de morte
Posteriormente a essa publicação de Wyllys, a investigação do crime – que resultou na morte de 50 pessoas – chegou à conclusão de que o atentado havia sido inspirado pelo Estado Islâmico.
Omar Saddiqui Mateen, o atirador, era muçulmano e homossexual e vivia uma vida dupla, pois mantinha relacionamentos com homens e um casamento de aparências.
O pastor Marco Feliciano chegou a ser ameaçado de morte por reagir às alegações de Wyllys de que a motivação para o atentado teria nascido no meio evangélico.
Personalidades como o humorista Rafinha Bastos, o ator José de Abreu e o youtuber Felipe Neto seguiram a linha adotada por Jean Wyllys e atacaram Feliciano, motivando milhares de internautas a se posicionarem de forma agressiva, promovendo ameaças de morte ao pastor e de estupro às suas filhas.