Deputados federais da oposição, em boa parte conservadores, obtiveram uma importante vitória em defesa da preservação da “sanidade linguística” no Brasil. Isso, porque, na última terça-feira, a Câmara aprovou um Projeto de Lei que proíbe o uso da linguagem neutra nos órgãos públicos.
Ocorre que, na realidade, o objetivo original do PL não era proibir a linguagem neutra (o uso de expressões como “todes” e “amigues”, em vez de “todos” e “amigos”, por exemplo), mas apenas simplificar a maneira como os órgãos públicos se comunicam com a população.
Por essa razão o PL é oficialmente chamado de Política Nacional de Linguagem Simples, e tem como autora a deputada federal esquerdista Erika Kokay (PT-DF), que em seus argumentos ressaltou apenas a importância, segundo ela, de simplificar a comunicação pública.
“O contrário de comunicação simples é uma comunicação difícil. O que está se propondo é que o poder público emita seus comunicados de forma transparente e para que as pessoas possam compreender, sem cerceamento ao uso da língua, os impactos das decisões na vida das pessoas”, disse ela ao defender a proposta, segundo o Poder360.
Emenda importante
Contudo, apesar da intenção original do PL não ser combater o ativismo ideológico de gênero no uso da língua portuguesa, os deputados da oposição conseguiram incluir no texto uma emenda de autoria do deputado Junio Amaral (PL-MG), que trata justamente desse aspecto.
No jargão político, eles aprovaram o PL junto com o famoso “jabuti”: uma inclusão de medida que não havia correlação direta com a proposta original do Projeto de Lei. E é nesse trecho que o documento prevê a proibição das repartições públicas de utilizarem “novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa”.
As federações PT/PCdoB/PV e Psol/Rede ainda tentaram barrar o jabuti, orientando voto contrário, mas o texto acabou sendo aprovado na íntegra por 257 votos a favor, 144 contrários e 2 abstenções. Para começar a valer, o PL ainda deverá passar pelo Senado.