Reunião realizada nesta quinta-feira(4) pôs em discussão assuntos a serem abordados na 1ª Convenção de Atuação das Religiões no Sistema Penitenciário. O encontro foi mediado pela coordenadora do Patronato de Três Lagoas, Maria José da Paz Matos, que intermedia a ação das agremiações religiosas nas penitenciárias.
Convenção
A Convenção, aberta à população, acontece no salão de convenções da Câmara Municipal, no dia 23 de junho – das 8 às 17 horas. A coordenadora do Patronato pediu para que os representantes de cada religião convidem todos os voluntários do projeto e membros das igrejas para participar da convenção.
A exibição de um vídeo marca o início dos trabalhos na convenção. Todas as religiões terão 15 minutos para se apresentar e falar sobre seus trabalhos nas penitenciárias, a fim de divulgar seus trabalhos e mostrar a contribuição de cada um.
Na convenção, os trabalhos de todas as religiões serão avaliados, com o objetivo de apontar o que é possível melhorar. Por isso, Maria José pede para que cada representante de religião faça uma auto-análise até o dia da convenção, que possibilite o aprimoramento do trabalho.
Propostas
Todas as religiões estão de acordo que é necessário haver um espaço para o tratamento dos internos e ex-internos usuários de drogas. O trabalho desenvolvido pela Igreja Peniel (Desafio Jovem Peniel) foi lembrado. Há apoio à ação por parte de todas as igrejas – que temem, no entanto, que a Peniel não consiga atingir essa meta sozinha.
Por isso, Maria José convidou as autoridades a comparecerem à reunião, para debater as questões estruturais da proposta – mas ninguém compareceu, à exceção dos religiosos.
Os representantes de cada religião afirmaram que, se tivessem espaço e suporte financeiro suficientes, em pouco tempo conseguiriam recrutar voluntários para os trabalhos. Da mesma forma com que fazem as visitas juntos, sem distinção entre os credos, todos apontaram o trabalho em parceria entre as religiões como sendo a melhor saída.
Com as reformas no presídio masculino Semi-Aberto, ele deixa de ser Semi-Aberto (onde os internos apenas passam a noite) e passa a ser Semi-Aberto fechado (devem permanecer no presídio o dia todo, sendo liberados aos finais de semana). Por isso, a intensificação dos trabalhos religiosos também esteve na pauta de propostas – para evitar atritos dentro da unidade.
Segundo José Rodrigues, diretor do Conselho da Comunidade, algumas “regalias” que os internos tinham devido à falta de infra-estrutura no presídio Semi-Aberto devem acabar. Após a reforma, os internos serão fiscalizados e será ainda mais importante o trabalho dos religiosos. “Um interno fechado torna-se perigoso porque fica tenso com a ansiedade da espera pela liberdade. Com o trabalho dos religiosos, eles ficam mais calmos”, explica.
Trabalho
Outra proposta a ser levada à convenção trata da inserção dos ex-internos no mercado de trabalho – que ainda é muito difícil, por conta do preconceito ainda existente contra quem já cumpriu pena. A pastora Michelle Fabiola Pessoto Dolo, da Igreja Nazareno, ficará responsável por convidar empresários locais à convenção para discutir a criação de uma associação com objetivo de viabilizar empregos para ex-internos. Todos, porém, se dispuseram a convidar comerciantes para que participem do projeto e percebam que este é um trabalho voluntário sistemático – e que, embora pequeno, tem surtido resultados. Por isso mesmo, precisa de apoio.
Para Nelson João Zambelli, do Centro Espírita José Xavier, a participação de todos é fundamental. “Todos nós temos a responsabilidade de olhar por esses irmãos desorientados. Isso não é apenas um trabalho religioso, mas sim um trabalho social. Se não dermos trabalho para o ex-interno, como daremos suporte? Ele precisa de trabalho, senão, volta a ser bandido”.
Fonte: A Tribuna / Gospel+