A situação da Igreja Perseguida na Coreia do Norte foi destacada como preocupante por um relatório de um comitê de Direitos Humanos, que descreve como os seguidores de Jesus são subjugados e pressionados a incriminar uns aos outros na prisão sob tortura.
O Comitê de Direitos Humanos da Coreia do Norte e a Associação Internacional de advogados (IBA, da sigla em inglês) afirmou em um relatório recém-publicado que “há indícios suficientes para concluir que crimes contra a humanidade foram e continuam sendo cometidos em larga escala” nos centros de detenção da Coreia do Norte.
De acordo com a Missão Portas Abertas, esse relatório descreve como as prisões norte-coreanas funcionam como uma ferramenta do Estado para tentar eliminar qualquer ameaça à dinastia Kim, que lidera o país ou sua ideologia comunista.
Em 2022, a Coreia do Norte deixou de ser o país número um da Lista Mundial da Perseguição 2022 da Portas Abertas. No entanto, essa mudança não ocorre porque a situação dos cristãos tenha melhorado no país, mas porque a pressão no Afeganistão foi maior do que a relatada no país desde que Joe Biden ordenou as Forças Armadas dos EUA a baterem em retirada.
“Desde 2021, as leis antirrevolucionárias aumentaram o número de cristãos presos e de igrejas domésticas fechadas, mantendo a pressão aos cristãos”, destacou o relatório.
Fé, prisão e tortura
Não é de hoje que os relatos indicam que apenas o fato de crer em Deus ou praticar a religião cristã é o suficiente para ser preso na Coreia do Norte.
O documento atual destaca o relato de “um prisioneiro no Centro de Detenção Jip-kyul-so, no Norte do país, [que] contou que quase 60% dos companheiros que estavam presos com ele eram refugiados cristãos que estavam escondidos na China buscando liberdade religiosa, mas foram encontrados em cultos, deportados e presos”.
“As pessoas são presas sistematicamente sem julgamento, [ou seja, sem possibilidade de defesa] e são intencionalmente subjugadas a sofrimentos físicos e psicológicos, além da privação de direitos básicos na prisão”, denuncia o relatório.
Uma vez presos, cristãos são alvos especiais e ficam sob constante vigilância, sendo tratados de forma desigual e ainda mais degradante. Os períodos de detenção documentados foram mais longos para os cristãos do que para outros grupos, e testemunhas relataram que “os que se identificam como cristãos são interrogados por mais tempo e geralmente sob tortura”.
Nesse contexto, os fiéis são submetidos às piores formas de tortura e forçados a incriminar uns aos outros durante os interrogatórios: “O Estado considera o aumento do cristianismo no país uma séria ameaça, já que os cristãos não prestam culto às autoridades e também por causa dos trabalhos de organizações sociais e políticas cristãs que não seguem a ideologia do governo”, já alertava um relatório de 2014 das Nações Unidas sobre Direitos Humanos na Coreia do Norte.