A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga as ações do governo no combate à pandemia de covid-19 poderá convocar o pastor Silas Malafaia a depor. A possibilidade foi levantada na última quinta-feira, 20 de maio, durante uma intervenção do senador Marcos Rogério (DEM-RO).
Marcos Rogério fazia críticas a eventuais diálogos entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus filhos, mais especificamente Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando outro filho do chefe de Estado, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), interviu.
O senador fluminense destacou que é natural que familiares conversem, e fez menção ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), que é pai do governador alagoano, Renan Filho (MDB): “Parece que é o maior absurdo um filho conversar com o pai. E aí, senador Renan, sem nenhuma provocação, é completamente normal o senhor conversar com seu filho, que é governador. O seu filho se aconselhar com o senhor. E agora, Carlos Bolsonaro a todo momento o nome dele é trazido a essa CPI como se houvesse um conjunto de pessoas que dão aconselhamento paralelo, algo obscuro ou criminoso”, confrontou.
“Toda hora falam aqui de família, até ministro sendo acusado de dar aconselhamento paralelo ao presidente, por incrível que pareça. Agora, se querem ouvir alguém que dá conselho ao presidente da República, vou dar um nome: chama o pastor Silas Malafaia aqui, esse fala quase diariamente com o presidente e influencia o presidente. Chama ele aqui e vê se influenciou alguma coisa nas políticas públicas”, acrescentou Flávio Bolsonaro.
Marcos Rogério, então, disse que como membro da CPI iria pedir a presença do líder evangélico: “Vou apresentar um requerimento convocando o pastor Silas Malafaia à comissão. […] Porque se fala tanto de gabinete paralelo que, declinado o nome aqui, vou apresentar para convocação aquele que, segundo Flávio diz, é um dos que compõem esse time que aconselha o presidente”.
Conselheiro
O pastor presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) tão logo soube da citação a seu nome na CPI, se colocou à disposição para comparecer e compartilhar suas conversas com Bolsonaro a respeito dos rumos do Brasil.
“Será que vou ser convocado? Vou falar tudo que conversei com o presidente: cloroquina, Pfizer, Coronavac, lockdown, bilhões enviados a governos”, escreveu Malafaia em sua conta no Twitter.
Silas Malafaia já compareceu ao Congresso Nacional em comissões para debater projetos de lei em outras ocasiões, na Câmara dos Deputados. Em 2012, participou de audiência na Comissão de Seguridade Social e Família em debate sobre o projeto de lei rotulado como “cura gay”.
Em 2015, o pastor voltou à Casa para defender o projeto de lei do Estatuto da Família. Na ocasião, enquanto ele discursava, a deputada Erika Kokay (PT-DF) tentou abandonar a sessão num gesto de protesto, e foi impedida pelo então deputado Jair Bolsonaro.