A intolerância religiosa e perseguição aos cristãos evangélicos no Chile tem sido protagonizada por extremistas pertencentes à tribo ancestral mapuche, nativos que já viviam na região antes da colonização espanhola.
Ao todo, 27 igrejas foram incendiadas pelos radicais do grupo Weichan Auka Mapu, entre 2015 e 2017, segundo informações da organização Missão Portas Abertas. O impacto dos crimes de intolerância religiosa afetou não apenas os fiéis, que ficaram sem local de culto, mas também a comunidade à volta, já que os templos serviam como escolas e abrigos para vítimas de desastres.
A região que tem sido alvo dos extremistas indígenas é Araucanía, que fica ao sul de Santiago, capital chilena. Atualmente, os mapuches são em sua maioria cristãos, entre católicos e evangélicos. Levantamentos apontam que 87% deles seguem alguma tradição cristã, enquanto os outros 13% permanecem ligados às suas tradições ancestrais.
Prejuízo
De acordo com Juan Mella, presidente do Conselho de Pastores da região e líder de uma congregação que teve o templo incendiado em julho último, os próprios mapuches terminaram prejudicados com o gesto de intolerância, já que grande parte dos beneficiados pelos projetos sociais eram indígenas da tribo.
No depoimento à Portas Abertas, Mella disse lembrar com clareza do dia em que a igreja em que ele e os fiéis se reuniam foi queimada. O templo era de madeira e havia sido erguido há 15 anos, com doações dos próprios frequentadores.
Mesmo com o cenário de insegurança, os evangélicos chilenos afirmam que dentre os 27 casos, apenas um foi de maior gravidade, quando homens mascarados invadiram o culto de domingo e incendiaram o templo. Neste caso, quatro radicais foram detidos e estão sendo investigados por possível ligação com o Weichan Auca Mapu.
O grupo extremista, no entanto, reagiu à prisão, exigindo a libertação dos mapuches. Os radicais também deixaram uma mensagem escrita na igreja: “Cristianismo, cúmplice da repressão do povo mapuche”.
O advogado de acusação dos quatro detidos, Luis Torres, comenta: “Além dos ataques, há os panfletos que eles deixam com suas exigências e justificativas de seu comportamento”.
Por outro lado, a advogada de defesa, Pamela Nahuelcheo, tenta fazer com que as autoridades denunciem os radicias apenas por incêndio e não por terrorismo.
No meio da guerra de versões, o Conselho de Pastores de Araucanía emitiu uma nota: “É responsabilidade do Estado garantir que eventos como esses não aconteçam novamente, assegurando que justiça seja feita aos responsáveis, assim como protegendo as vítimas e garantindo que a igreja seja reconstruída”.