A leitura da Bíblia Sagrada é o principal meio de conhecimento acerca de Deus, mas os cristãos que vivem na Coreia do Norte enfrentam inúmeras dificuldades para conseguir se alimentar da Palavra de Deus, uma vez que o regime comunista do país não permite que eles tenham acesso ao livro sagrado.
Nem mesmo a fé em Deus é permitida na Coreia do Norte, razão pela qual o país ocupa a posição número 1° na lista mundial de perseguição religiosa elaborada pela organização Portas Abertas, publicada todos os anos.
Segundo a entidade missionária, vários cristãos fizeram relatos de que estão enterrando suas Bíblias para escapar da perseguição do regime comunista. Eles saem na madrugada para desenterrar o livro, voltam para suas casas para ler e depois retornam ao local onde enterraram o livro sagrado para guardá-lo novamente.
“Você lê a Bíblia no escuro, ora e as palavras são dificilmente audíveis. Você canta em sussurros? Talvez, quando você estiver querendo ser ousado”, disse um informante local da organização, que por motivos de segurança não pode se identificar. Ele explicou como os cristãos ensinam o Evangelho aos filhos.
“As cortinas são puxadas e, muito, muito suavemente, você lê a Bíblia para sua esposa e seu filho de 16 anos, que acabou de ouvir do Evangelho pela primeira vez vindo de você. Agora ele tem idade e sabedoria para não entregar acidentalmente a família. Claro, ele não entendeu o Evangelho a princípio, mas você o está ensinando. Você ora há anos para que ele esteja pronto”, disse ele.
Quem é flagrado com uma Bíblia na Coreia do Norte sofre punições severas, podendo incluir a pena de morte. Bíblias são proibidas em todo o país, por isso os cristãos só conseguem ter acesso ao livro sagrado por meio do contrabando. Atualmente, meios eletrônicos, como pendrives, têm facilitado esse acesso.
“Começamos a contrabandear Bíblias na década de 1950, e o faremos até que não seja mais necessário. Na Coreia do Norte, por meio de nossos parceiros regionais, contrabandeamos Bíblias, livros e outros materiais cristãos, incluindo materiais para pais e jovens, mas não podemos dizer como ou quantas pessoas os recebem”, disse a Portas Abertas.
“Normalmente, os livros são destruídos depois que os cristãos os leram, então não há mais evidências em suas casas”, conclui a organização