Para o Estado Islâmico, a conhecida “lei Sharia” é o regime pelo qual não apenas a comunidade islâmica, mas todos que estiverem sob o seu poder, devem se submeter e obedecer. Apesar da “Sharia” ser, de fato, um conjunto de leis pertencentes à doutrina islâmica, não há consenso entre os muçulmanos sobre a maneira como ela deve ser aplicada e obedecida.
A falta desse consenso é o que nos permite fazer a distinção entre muçulmanos “radicais” e “moderados”. Ou, também chamados de islâmicos “fundamentalistas” e “liberais”. Alguns autores, no entanto, afirmam que tal distinção é apenas “politicamente correta”, uma vez que na prática a doutrina islâmica seria, de fato, extremista por natureza.
Ayaan Hirsi Ali, por exemplo, que é muçulmana, autora do polêmico livro “Herege” e “Infiel”, onde propõe uma reforma do islã, chega afirmar de forma contundente que “o islã não é uma religião de paz”, se colocando no alvo de críticas massivas e ameaças por parte dos islâmicos radicais.
O que aconteceu na Indonésia na última terça-feira, segundo informações do Daily Mail, ilustra um pouco o que é a lei Sharia na prática. Na ocasião, dois cristãos foram condenados por supostamente desrespeitar a doutrina islâmica aplicada em Banda Aceh, a única província onde essa lei foi sancionada.
Os dois cristãos foram pegos com um jogo onde é feito troca de cupons, prêmios e dinheiro. Segundo às informações, por ser considerado um jogo de “azar”, o que não é permitido pela Sharia, os cristãos Dahlan Silitonga, de 61 anos, e Jia Nyuk Hwa, de 45 anos, foram condenados à várias chicoteadas.
O evento de tortura e humilhação ocorreu em local público, que segundo o prefeito local, Aminullah Usman, é “para que isso não aconteça novamente”. Cerca de 300 pessoas testemunharam as cenas medievais de agressão, chegando a zombar dos cristãos: “Você é velho, mostre remorso”, disse um dos espectadores.
O tipo de condenação foi uma “alternativa” contra um julgamento em corte, onde possivelmente os cristãos seriam presos. De fato, a província de Banda Aceh é um exemplo real do que pode causar a lei islâmica Sharia aplicada em outras partes do mundo.