O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, irritou a oposição com sua indefinição sobre os pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e agora pode ser alvo de uma estratégia agressiva para cassar seu mandato.
Analistas políticos consideram que o integrante da bancada evangélica tem prorrogado demais o jogo de barganha com os pedidos de impeachment para forçar o Partido dos Trabalhadores a votar contra uma punição a ele no Conselho de Ética, que o investiga por supostamente ter mentido sobre a propriedade de contas bancárias no exterior.
Segundo informações da jornalista Vera Magalhães, do Radar Online, da Veja, os “partidos de oposição acabaram de traçar três cenários para a reunião do Conselho de Ética que vai discutir a abertura de investigação de Eduardo Cunha”.
Os oposicionistas, que incluem PSDB, Democratas e Rede Sustentabilidade, além de parlamentares de outras legendas, entendem que “se a corda que Cunha colocou no pescoço do PT com as ameaças de impeachment der resultado e a investigação seja de pronto enterrada, haverá um recurso ao plenário”, e aí é possível que o processo seja levado adiante.
“Se por outro lado a investigação for aberta e os aliados de Cunha recorrerem ao plenário para tentar derrubar a deliberação ou simplesmente ganhar tempo, haverá uma questão de ordem para impedir que o próprio presidente seja o responsável por pautar o caso”, informa Magalhães.
A hipótese considerava mais improvável pela oposição é que o Conselho de Ética poderia abrir um processo contra Cunha, mas ao invés de propor a perda do mandato, recomendar uma advertência. “Nesse caso, haveria uma questão de ordem no próprio Conselho para tentar regimentalmente barrar tal deliberação, sendo possível, em último caso, até mesmo recursos à Justiça para garantir que punição só seja discutida ao fim do processo”, acrescentou a jornalista.
O motivo que tem levado Cunha a adiar sua decisão sobre o impeachment são os três votos que o PT tem no Conselho de Ética, formado por 22 deputados. Nove dos integrantes são aliados do presidente da Câmara, e com os votos do PT, ele poderia se safar do processo de cassação.