Casos de abuso de autoridade e truculência por parte das autoridades contra evangélicos que celebraram cultos ou reuniões de oração durante o período de confinamento continuam sendo registrados. O mais recente ocorreu com a Guarda Municipal de Campo Grande (MS).
No estado do Mato Grosso do Sul, os cultos e demais reuniões religiosas foram definidos como serviço essencial, e portanto, com a observação de regras de distanciamento, podem ser realizados normalmente. No entanto, na última segunda-feira, 29 de junho, uma equipe da Guarda Municipal da capital sul-mato-grossense interrompeu uma celebração.
Conforme informações do portal Midiamax, a igreja em questão fica no bairro Nova Bandeirantes. A postura dos guardas municipais chegou ao conhecimento dos deputados estaduais, que protestaram contra a ação durante uma sessão da Assembleia Legislativa, e cobraram esclarecimentos sobre as medidas de prevenção à pandemia de Covid-19.
O assunto foi abordado pelo deputado Herculano Borges (SD): “Os guardas chegaram com o giroflex ligado e acabaram com o culto, assustando pessoas que estavam ali já fragilizadas pela pandemia, em busca do fortalecimento espiritual”.
O parlamentar também enfatizou a fragilidade da liberdade religiosa: “Quero me solidarizar com o pastor e dizer aos órgãos municipais que vamos nos posicionar para defender a liberdade religiosa, seja de qualquer manifestação de fé, que é constitucional e foi reconhecida como atividade essencial”.
João Henrique Catan (PL) criticou as mudanças nos horários do toque de recolher da capital: “É tanta mudança e revogação de decreto, que a prefeitura deveria investir mais em propaganda ou até mesmo enviar mensagem de texto ao cidadão para que saiba o que de fato está valendo por último”.
O caso, inclusive, motivou o deputado Lídio Lopes (Patriota) a procurar o prefeito Marquinhos Trad (PSD) para obter um esclarecimento: “O prefeito já se retratou e orientou a equipe para que não aconteça mais isso. O pessoal da Guarda Municipal não observou as mudanças nos decretos municipais e agiu de forma errada”.
O pastor e deputado Antônio Vaz (Republicanos) ponderou que, normalmente, a Guarda Municipal desempenha um trabalho indispensável na cidade, mas disse que a situação vai ficar marcada pela postura equivocada: “Eles devem tomar cuidado para não cometer nenhuma injustiça. Afinal não podemos aceitar esse tipo de perseguição e não vamos nos calar diante desse acontecido, para não virar moda”.
Vaz disse que enxerga perseguição aos evangélicos e admitiu que tem sentimento de revolta: “Como presidente da Comissão de Saúde tenho sempre orientado a importância dos cuidados com máscaras, álcool em gel e o distanciamento adequado. Se temos cumprido isso não podemos restringir a liberdade de culto”, concluiu.
Meses atrás, um caso surreal marcou o excesso das autoridades contra a liberdade religiosa: uma equipe da Polícia Militar de Santa Catarina interrompeu uma reunião de oração em uma residência, em que os únicos participantes eram os moradores da casa. Diante das críticas, a PM do estado se desculpou.