Durante a pandemia do novo coronavírus, vários trabalhos sociais têm sido realizados por diversas pessoas e igrejas, e não apenas para prevenir a Covid-19 ou ajudar com doações os mais necessitados, mas também para acolher pessoas que perderam os seus parentes.
É o caso do pastor Isaías Nascimento, de 49 anos, que tem prestado assistência às famílias que perderam seus entes queridos vítima dessa doença em Manaus, um dos estados que mais sofreu com a pandemia devido ao alto índice de contágio.
O pastor relata que não é um trabalho fácil, pois além de correr o risco da doença, divide a dor com os entes queridos das vítimas mortas, onde ele leva uma palavra se consolo através da Bíblia.
Isaías, porém, acredita que Deus o chamou para esse ofício, e que sente bastante prazer em cumprir o seu chamado consolando às pessoas.
“Vai cuidar dos meus filhos que estão precisando de um consolo, de uma palavra amiga”, diz o pastor ao se referir ao que Deus falou ao seu coração, segundo informações do Correio.
Ele tem uma carga horária de 12h, que começa às 7h da manhã, onde ajuda a funerária a recolher os mortos dos hospitais ou residências. A noite ele ministra na igreja pentecostal Alcançando Vidas, onde se reúne com os irmãos.
“Sinto a dor do próximo. Esse é o emprego que mais amo, Deus me colocou lá”, disse Izaías, revelando identificação com a sua vocação ministerial.
Ele faz os funerais das vítimas e presencia sua dor, oferecendo suporte emocional e espiritual.
Segundo o pastor, os parentes “ficam desesperados, saem gritando: ‘Não leva a minha mãe! Não leva o meu pai!’. E a gente tem que aguentar. Às vezes somos agredidos, mas temos que ficar calados porque eu sei que dói”.
Por causa da pandemia, os funerais também se tornaram mais dolorosos, já que não é possível presenciar o momento do enterro com todos os parentes e amigos como de costume.
Certa vez o pastor consolou um jovem que precisou enterrar seu pai sozinho, devido às restrições de segurança da prefeitura.
“Deus me deu esse dom da palavra, faço com amor e dedicação apesar de ser um trabalho de risco”, disse Isaías, destacando que faz esse trabalho por não sentir medo da morte.