A ascensão de uma visão conservadora na política nacional, através dos evangélicos, se tornou alvo de debate nas fileiras do Partido dos Trabalhadores (PT). Um grupo dentro da legenda está se debruçando sobre o assunto para entender o “efeito evangélico” nas eleições.
Na próxima sexta-feira, 19 de julho, o PT fará um debate em Campinas (SP) com o professor Ronaldo Almeida – que defende a tese de que evangélicos espalham ódio na sociedade – da Universidade de Campinas (Unicamp), para se aprofundar sobre a influência do pensamento conservador no meio evangélico e os efeitos práticos na política do país.
A iniciativa é parte da estratégia revelada por Fernando Haddad (PT), candidato derrotado à presidência da República em 2018, para que o partido reverta o cenário. Em novembro último, ele declarou que a legenda iria trabalhar para entender e influenciar o eleitorado evangélico visando as próximas eleições.
De acordo com informações do Blog da Rose, o PT sabe que o presidente Jair Bolsonaro foi eleito com grande apoio dos evangélicos. Durval de Carvalho, presidente da legenda na cidade do interior paulista, afirmou que a ideia do evento é saber como enfrentar esse fenômeno: “Eles são portadores de um projeto político de poder que ao meu juízo é uma ameaça ao Estado laico”, atacou.
Carvalho foi além e afirmou que o apoio do bispo Edir Macedo a Bolsonaro é fruto de um distanciamento que se concretizou por causa das pautas defendidas pelo próprio PT: a revolução sexual, feminismo, aborto e ideologia de gênero. “Essas pautas foram afastando esse apoio mais conservador”, disse o militante petista.
Macedo, que antes já havia apoiado Lula, tinha em comum com o PT a possibilidade de alcançar pessoas necessitadas de assistência social, mas o avanço petista nos temas progressistas afugentou o antigo aliado, na avaliação de Carvalho.
“Estado tem que proteger, jamais tutelar. Estado confessional leva ao fascismo, totalitarismo e à destruição. Estado deve respeitar todas as religiões. As pessoas têm que ter o direito de serem católicas, evangélicas, umbandistas, do candomblé, islâmicos”, acrescentou o petista, a partir de sua avaliação particular de que os evangélicos planejam uma espécie de “tomada de poder”.