A fixação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pela figura do diabo é notória. Após dizer que para vencer uma eleição é possível se igualar a satanás, agora afirmou que a esquerda fará alianças com todos para se opor ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), incluindo, mais uma vez, o diabo.
A declaração da candidata derrotada ao Senado por Minas Gerais nas últimas eleições foi feita durante sua participação na primeira edição do Fórum do Pensamento Crítico, que é realizado em Buenos Aires, Argentina.
“A gente fará aliança até com o diabo para combatê-los. Agora, tem que ter uma espinha dorsal. Tem que ter um coração. E o coração é antineoliberal e antiautoritário neofascista. Essa a nossa solução”, afirmou Dilma na última segunda-feira, 19 de novembro.
A explicação para tamanha disposição ao radicalismo teria explicação nas palavras do próprio Bolsonaro: “Eles deixaram claro que não basta ganhar de nós eleitoralmente. Eles dizem, de forma clara, que querem agora destroçar o partido”, disse, acrescentando que o PT é a “maior hegemonia” na esquerda do Brasil, segundo informações do portal R7.
“Não tivemos uma derrota estratégica. Elegemos a maior bancada no Congresso. Elegemos, partidariamente, o maior número de governadores”, avaliou a ex-presidente, considerando que o PT ainda pode reagir às duras derrotas sofridas nas urnas durante as duas últimas eleições, 2016 e 2018.
Diabo
Em 2013, a ex-presidente afirmou que numa disputa eleitoral, o PT tinha disposição para fazer de tudo com foco na vitória. “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”, afirmou na ocasião.
Essa declaração dava o tom do que seria feito na eleição seguinte, em 2014, quando a então candidata à reeleição não figurava entre as favoritas nas pesquisas eleitorais durante certo momento do pleito, mas uma campanha agressiva contra Marina Silva (à época do PSB) e Aécio Neves (PSDB), garantiu sua vitória.
Três anos depois, em agosto de 2016, durante o interrogatório do impeachment no Senado com Dilma já afastada, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) fez questão de relembra-la de sua infeliz declaração: “É impossível não rememorar a frase dita por Dilma de que ‘se faz o diabo’ para ganhar uma eleição. […] A senhora teria condições de dizer que pacto foi feito com o diabo para chegar à reeleição? Porque deu tudo errado. Não seria melhor ter feito um pacto com Deus?”, questionou.