A chefe do governo que mais radicalizou as pautas progressistas e que distanciou o público evangélico do PT afirmou que a esquerda brasileira deve seguir a sugestão de Lula e tentar se reaproximar dos evangélicos. Dilma Rousseff abordou o assunto em uma viagem à Colômbia.
Segundo a ex-presidente, a reaproximação com os evangélicos é crucial para que a esquerda volte ao Palácio do Planalto. Surpreendentemente, no entanto, Dilma não vê as questões associadas aos valores morais como a principal identificação do segmento com a plataforma de Jair Bolsonaro, e sim, a segurança, outra bandeira do presidente.
“Nós temos de olhar para os evangélicos, que votaram no Bolsonaro. Nós temos de discutir com aqueles que o defenderam porque acham e acreditam que a questão da segurança no Brasil é a questão central. E nós temos de tratar essa questão”, declarou à emissora alemã DW.
Seguindo a cartilha da esquerda, Dilma não admite erros e se vale de bordões para retratar o governo Bolsonaro com críticas vazias: “No Brasil o que você constata é a existência de um governo neofascista executando um programa neoliberal”, disse. “As organizações de direita, de extrema direita, pela primeira vez apareceram claramente no cenário nacional. Além disso, você teve, naquele momento [protestos de 2013], a visão por parte de alguns, de que seria possível começar a manipular as coisas”, acrescentou.
O desespero do PT para recuperar credibilidade junto ao segmento evangélico tem explicações que vão além da vitória de Jair Bolsonaro em 2018, como por exemplo, o crescimento exponencial dos fiéis ao longo dos últimos 30 anos – e com projeções de superar o número de católicos em 2032.
Numa carta aberta, divulgada em janeiro último, o PT não esconde a arrogância ao dizer que se esforçará a ensinar os evangélicos a interpretarem a Bíblia Sagrada. O documento foi redigido pelos filiados à legenda que dizem formar “núcleos evangélicos” na organização.