Uma manobra do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) para ajudar a presidente Dilma Rousseff (PT) na luta contra o impeachment desagradou os ativistas gays do Rio de Janeiro. A nomeação do apóstolo Ezequiel Teixeira (PMB) para a Secretaria de Direitos Humanos gerou protestos.
O líder da igreja Projeto Vida Nova foi eleito deputado federal em 2014 pelo Solidariedade, na coligação do PMDB, e exercia seu primeiro mandato, até que Pezão o nomeou secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro.
A nomeação foi uma manobra de Pezão para que o primeiro suplente da coligação, o deputado Átila Alexandre (PMDB) assuma o mandato e ajude Leonardo Picciani (PMDB-RJ) a recuperar o posto de líder da bancada do partido na Câmara, e assim, atue de maneira mais enfática na derrubada do pedido de impeachment de Dilma.
A notícia da nomeação de Teixeira para a Secretaria caiu como uma bomba na direção do Programa Rio Sem Homofobia, segundo informações do jornal O Dia. O programa, que é subordinado à Secretaria, poderia sofrer importantes modificações.
Cláudio Nascimento, coordenador do programa, disse que recebeu a notícia com “preocupação” a chegada de Teixeira à Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos.
Atualmente, o Programa Rio Sem Homofobia atravessa uma fase de contenção de gastos. Alguns profissionais contratados ficaram sem receber salários por três meses seguidos, e só em agosto, a liberação de uma verba de R$ 1,25 milhão permitiu que essas dívidas fossem quitadas.
Parte da preocupação dos ativistas se baseia em uma declaração de Teixeira na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, criticando a resolução do governo federal que admitia que alunos transexuais fizessem uso do banheiro das escolas conforme sua alegada identidade de gênero.
“Não cabe ao menor, enquanto incapaz, praticar determinados atos da vida civil. E o Estado deve propiciar os meios necessários para o exercício do poder familiar, e não se intrometer na tarefa assegurada aos pais” escreveu Teixeira, criticando a medida, antes de se licenciar de seu mandato de deputado.