João Doria (PSDB), governador de São Paulo, teceu críticas ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na ONU, afirmando que a repercussão internacional teria sido negativa. A declaração do político paulista foi criticada pelo pastor Silas Malafaia e por outros apoiadores do governo.
Numa entrevista coletiva na tarde da última terça-feira, 24 de setembro, Doria afirmou que “o mundo inteiro está repercutindo pessimamente a intervenção do presidente na Assembleia Geral das Nações Unidas”. A declaração repete o tom adotado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que declarou que Bolsonaro “envergonha o povo brasileiro ao tentar justificar a destruição que provoca no país”.
Em resposta aos ataques de Doria a Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia usou sua conta no Twitter para dizer que se sentia arrependido de ter manifestado apoio a ele no passado: “DORIA! Você perdeu uma oportunidade de ficar calado. Bolsonaro na ONU, defendeu nossa soberania e o que essa esquerda maldita fez na nossa nação. DEIXA DE SER HIPÓCRITA! Você só é governador por causa de Bolsonaro. Você é um ingrato oportunista, me arrependo do apoio que te dei”, afirmou.
O governador de São Paulo, João Doria, comenta o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. pic.twitter.com/6fFQL4CMAX
— PSDB (@PSDBoficial) September 24, 2019
DORIA ! Você perdeu uma oportunidade de ficar calado. Bolsonaro na ONU, defendeu nossa soberania e o que essa esquerda maldita fez na nossa nação . DEIXA DE SER HIPÓCRITA! Você só é governador por causa de Bolsonaro. Você é um ingrato oportunista, me arrependo do apoio que te dei
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) September 24, 2019
João Dória teria afirmado à assessora da imprensa do PT na Folha que o discurso de Bolsonaro foi “inadequado, inoportuno e sem referências que pudessem trazer respeitabilidade ao país”.
E pensar que um banana desses quer ser presidente. Socialistinha envergonhado.
— Leandro Ruschel 🗣🇺🇲🇧🇷🇧🇷 (@leandroruschel) September 24, 2019
PARABÉNS ! PARABÉNS PRESIDENTE ! Seu discurso na ONU , simplesmente impecável ! Falou da soberania da Amazônia , corrupção que a esquerda implantou, etc, etc .Engrandeceu a Deus no seu discurso. Vamos ver a análise da imprensa parcial e esquerdopata.
— Silas Malafaia (@PastorMalafaia) September 24, 2019
Doria x Malafaia
No segundo turno da campanha de 2018, João Doria manifestou apoio a Bolsonaro na disputa contra o ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT), e criou a hashtag “BolsoDoria” para atrair eleitores do então deputado federal. Dessa forma, Doria conseguiu vencer o então governador Márcio França (PSB) por uma apertada margem: 51,75% dos votos contra 48,25%.
Em 2017, Malafaia havia expressado sua admiração por João Doria, à época prefeito de São Paulo, e dito que o considerava mais preparado para a presidência da República que Jair Bolsonaro.
Em entrevista à Folha, o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) disse que via com bons olhos uma eventual candidatura de Doria ao Planalto: “Se não descambar, Doria ia fazer um bem danado para o Brasil. Desconfio que ele será um ótimo presidente”, afirmou Malafaia na ocasião, acrescentando que seu estilo de governo na prefeitura vinha chamando atenção de todo o país.
Agora, Doria se coloca numa posição de amplo distanciamento de Malafaia, pois recentemente voltou atrás na decisão de retirar de circulação livros distribuídos nas escolas públicas com referência à ideologia de gênero em seu conteúdo. Durante a campanha em 2018, o pastor já havia alertado que os evangélicos não negociam esse princípio.
“Não negociamos nossos valores. Quem apoiar ideologia de gênero, segue seu caminho”, disse Malafaia em agosto de 2017 durante a abertura da Expocristã, dirigindo-se ao então governador, Geraldo Alckmin (PSDB) e Doria. “Nós, como maioria, vamos nos fazer prevalecer. Nossos princípios são inegociáveis”, reiterou o pastor.
No mesmo evento, Malafaia explicou a oposição dos evangélicos à ideologia de gênero explicando como funciona a visão cristã em relação ao apoio às autoridades, que é ensinada pela Bíblia: “Nós entendemos que a autoridade é da vontade permissiva de Deus. Nós oramos até pela Dilma, gostando ou não quem estava lá era ela”, afirmou, citando I Timóteo 2:1-2.