As declarações do bispo Edir Macedo sobre padrões a serem seguidos no casamento costumam gerar polêmicas. A mais recente envolve uma compreensão do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus sobre a capacitação profissional: segundo ele, a mulher não deve ser mais estudada que o marido.
Acompanhado da esposa, filhas e genros durante uma reunião no Templo de Salomão, Edir Macedo citou o exemplo de sua segunda filha, Cristiane Cardoso, afirmando que não permitiu que ela, assim como as irmãs, entrassem para a faculdade, para que elas não se tornassem servas de suas profissões, e sim da denominação.
“Quando nós fomos morar fora, nos Estados Unidos, eu falei para elas que elas só fariam o ensino médio. E por que vocês não vão fazer faculdade? Porque se você se formar em uma determinada profissão, você irá servir a si mesmo, mas vocês vieram para servir a Deus”, disse Edir Macedo.
Em seguida, ele afirmou que uma mulher com estudo acaba por definir como critério pessoal que seu marido seja ainda mais capacitado que ela, o que reduziria as opções na hora de escolher com quem casar. “Se a Cristiane fosse uma doutora e tivesse um grau de conhecimento elevado, e encontrasse um rapaz que tivesse um grau de conhecimento baixo, ele não seria o cabeça, ela é que seria a cabeça”, ilustrou, mencionando a filha novamente.
Fazendo uma ponderação, Edir Macedo declarou que não é contra a busca por conhecimento, mas disse ter priorizado que suas filhas se dedicassem a servir a Deus, já que quando a mulher é a líder do lar, não se dedica a isso: “O homem tem que ser o cabeça, se ele não for o cabeça o casamento estará fadado ao fracasso”, opinou.
Nas redes sociais, a afirmação do bispo repercutiu negativamente entre internautas que não fazem parte da Igreja Universal. Em suma, a fala do líder religioso foi entendida como “misógina” e “machista” por militantes feministas. A página de Edir Macedo no Facebook removeu, nesta quarta-feira, 25 de setembro, o vídeo com a íntegra do sermão após a repercussão.
“Raças diferentes”
Em 2012, o bispo da Universal publicou um artigo sobre as diferenças entre homem e mulher, idade, etnia e a complexidade que os envolvem, e declarou que “o rapaz que deseja fazer a obra de Deus não deve se casar com uma moça que tenha idade superior à dele […] para não se deixar influenciar por ela”.
“Muitas pessoas não gostam quando fazemos estas colocações”, afirmou Macedo, que argumentou que uma união nesse contexto aumentaria a possibilidade de traição quando a esposa envelhecer ou a probabilidade de ela tornar-se “mandona” com o passar do tempo: “Para evitar este ou outros transtornos, oriundos da diferença de idade (a do marido inferior à da esposa), é preferível que não haja qualquer compromisso de casamento”.
Mais à frente, o texto do bispo Edir Macedo expressava restrições à miscigenação: “Não haveria nenhum problema para o homem de Deus se casar com uma mulher de raça diferente da dele, não fossem os problemas da discriminação que seus filhos poderão enfrentar nas sociedades racistas deste mundo louco”, escreveu, apontando o compromisso com missões evangelísticas como argumento: “Os pais não terão como evitar que aconteçam rejeições ou críticas por parte dos coleguinhas nas escolas nos países onde eles poderão estar pregando o Evangelho”.
O artigo, publicado no site Arca Universal, foi removido posteriormente, devido às inúmeras críticas sofridas pelo líder religioso.