Em meio ao crescimento da violência nos protestos contra a derrubada do governo do presidente Mohamed Morsi, igrejas cristãs no Egito tem cancelado suas celebrações para evitar que os fiéis ou os templos sejam atacados.
A violência contra cristãos, que são minoria no país, tem aumentado de forma expressiva desde que as Forças Armadas egípcias tomaram o poder. Os protestos a favor de Morsi são organizados por lideranças islâmicas, favoráveis ao presidente deposto.
Uma igreja copta da cidade de Minya, uma das maiores do país, decidiu cancelar sua celebração pela primeira vez em mais de 1.600 anos, informou o site Worthy News. “Nós não realizaremos orações no monastério no domingo pela primeira vez em 1.600 anos”, afirmou o sacerdote Selwanes Lotfy.
A decisão foi tomada porque ativistas islâmicos destruíram o mosteiro, que inclui três igrejas, sendo uma delas um sítio arqueológico: “Um dos extremistas pichou na parede do mosteiro que [a igreja] deve ser doada aos mártires da ‘mesquita'”, acrescentou Lotfy, referindo-se aos ativistas que morreram num confronto contra o exército, no Cairo.
Os coptas, são o maior grupo cristão no Oriente Médio e Norte da África, e constituem cerca de 10% da população total de cerca de 90 milhões de pessoas do Egito. Uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo, eles geralmente têm se mantidos discretos, porém desde a queda do antigo ditador Hosni Mubarak foi deposto numa das revoluções da Primavera Árabe, as lideranças cristãs tem se posicionado de forma mais ativa, buscando serem tratados de forma mais igualitária.
Na atual crise, islâmicos tem reagido às incursões das Forças Armadas destruindo templos, assim como casas e empresas de famílias cristãs. Somente esta semana, aproximadamente 60 igrejas foram saqueadas e incendiadas pelos manifestantes islâmicos desde domingo.
A imprensa internacional tem interpretado os atos como uma campanha de intimidação para forçar os cristãos a se retirarem do cenário político no Egito. Entretanto, apesar dos ataques, as igrejas cristãs reafirmaram apoiar as ações dos militares para o estabelecimento de uma nova ordem política e manifestaram repúdio aos “grupos violentos armados e de terrorismo negro”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+