Divergências que tiveram início entre lideranças evangélicas, nas redes sociais, serviram para alimentar publicações da esquerda política nacional contra a vinda do pastor Douglas Wilson ao Brasil. O teólogo americano viria participar da Consciência Cristã 2024, mas acabou tendo o seu convite cancelado.
O motivo do cancelamento da vinda de Douglas Wilson ao Brasil, segundo o pastor Euder Faber, presidente da Consciência Cristã, foi o risco da sua presença provocar reações violentas contra os participantes do congresso, inclusive contra o próprio teólogo.
Wilson chegou à publicar uma carta ao Brasil, rebatendo as acusações de que seria um defensor da escravidão, algo que o mesmo classificou como uma mentira sem qualquer fundamento [veja aqui].
Com a repercussão de que o teólogo americano não viria mais ao Brasil, algumas figuras da teologia brasileira lamentaram o desfecho da situação. Uma delas foi a missionária Braulia Ribeiro.
Por meio do seu perfil no Facebook, Braulia disse “lamentar profundamente a decisão da Conferencia da Consciência Cristã, de desconvidar o Pr. Douglas por causa das calúnias e do bullying de um grupelho asqueroso que se sente dono da ‘moral’ cristã brasileira.”
Para a missionária, o cancelamento do convite seria um tipo de sujeição ao radicalismo ideológico por parte de alguns grupos. “A única lição aprendida aqui é, – quem grita mais alto, ameaça mais, se macomuna com a escória para levantar maledicências contra uma pessoa sempre vai ter a última palavra”, diz ela.
“Maluquice”
Quem também reagiu negativamente ao cancelamento da vinda do pastor americano ao Brasil foi o pastor Yago Martins. Por meio das redes sociais, o teólogo disse lamentar o desfecho da situação.
“Simplesmente não há o que comemorar no cancelamento da participação de Douglas Wilson na Consciência Cristã — que eu sempre quis que não viesse, mas não desse jeito. Triste que tenha sido por ameaças de violência e protestos agressivos. Que maluquice”, comentou Martins.
O pastor e teólogo Guilherme de Carvalho também lamentou a situação, fazendo uma crítica aos “urubus de esquerda” que se aproveitaram das polêmicas contra Wilson para alimentar a divergência entre os líderes evangélicos.
Para Carvalho, tudo isso resultou em uma campanha que teve por objetivo “desmoralizar os evangélicos”, especialmente os pastores. “Os conservadores precisam parar de cair nessa arapuca, e os moderados cuidar pra não virar urubus também”, comentou o pastor.
O comentário de Carvalho parece ter feito referência indireta ao artigo de Ronilso Pacheco, no site The Intercept, que propagou inicialmente as acusações contra Douglas Wilson acerca da escravidão.
Alinhado à ideologia esquerdista, Pacheco é um expoente da chamada “teologia negra” e seu texto foi usado como base das críticas ao convite da Consciência Cristã. Sobre o teólogo americano, ele escreve:
“Além de defender a escravidão, Douglas Wilson ainda se identifica assumidamente com o nacionalismo cristão nos Estados Unidos. A ideia de uma cooptação total da ordem social por um cristianismo fundamentalista que deve orientar a sociedade política, moral, religiosa e culturalmente se tornou um risco político antidemocrático crescente.” Veja também:
Em carta ao Brasil, Douglas Wilson rebate fake sobre escravidão: ‘Pesadelo infernal’