O grupo terrorista Estado Islâmico fez ameaças diretas ao Brasil, prometendo um atentado através de uma publicação no Twitter.
A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) confirmou que a publicação na rede social é real e disse que medidas preventivas foram tomadas para garantir a segurança do país.
“Brasil, vocês são nosso próximo alvo”, diz um trecho do tuíte, publicado dias após o atentado da sexta-feira 13 de novembro, em Paris. “Nós podemos atacar este país de m…”, acrescenta a mensagem, publicada pelo francês Maxime Hauchard, que vive na Síria desde 2013 e se alistou no Estado Islâmico.
A conta do extremista muçulmano foi suspensa pelo Twitter e, desde então, a ABIN vem se dedicando a monitorar o tráfego pelo país de pessoas consideradas suspeitas: “A probabilidade de o país ser alvo de ataques terroristas foi elevada nos últimos meses, devido aos recentes eventos terroristas ocorridos em outros países e ao aumento do número de adesões de nacionais brasileiros à ideologia do Estado Islâmico”, pontuou a agência em uma nota enviada ao jornal O Estado de S. Paulo.
O diretor de contraterrorismo da ABIN, Luiz Alberto Sallaberry, mencionou Hauchard durante sua palestra na última quarta-feira, 13 de abril, na Feira Internacional de Segurança Pública e Corporativa (LAAD Security), realizada no Rio de Janeiro, e descreveu o francês como uma “espécie de garoto-propaganda do Estado Islâmico”.
De acordo com Sallaberry, as medidas de segurança tomadas pela ABIN para prevenir atentados terroristas são suficientes. Dentre as iniciativas, estão a troca de “informações com serviços estrangeiros, capacitação de profissionais de setores estratégicos e trabalhos com órgãos integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência”.
A principal preocupação da agência, no momento, é com os chamados “lobos solitários”, que uma vez que decidem agir, não envolvem terceiros em seus planejamentos e/ou execução dos atentados. “Quando uma pessoa faz o juramento ao califado e se torna autoproclamada, ela está disposta a cometer qualquer atentado violento em nome do grupo. A ordem não precisa ser presencial, pode ser via internet”, disse o diretor, segundo reportagem do jornal O Dia.
Ao final de suas explicações, Sallaberry destacou que é importante manter-se alerta: “Não estou dizendo que vai acontecer um atentado. Estou dizendo que é a primeira vez que a probabilidade aumentou sobremaneira no nosso país”, destacou.
Extremistas no Brasil
Em setembro de 2015, uma operação da Polícia Federal terminou com a prisão de três integrantes de um grupo associado ao Estado Islâmico.
Os libaneses Firas, Fadi e Toufic Allameddin, todos irmãos, foram detidos em São Paulo (SP). Os três integravam uma quadrilha de lavagem de dinheiro e falsificação de documentos, além de usarem nomes falsos.
A PF confirmou que eles são considerados suspeitos de seguirem o Estado Islâmico. Os irmãos Allameddin mantinham negócios com o egípcio Hesham Eltrabily, de quem Firas foi sócio em uma loja de roupas chamada Nuclear Jeans, de acordo com reportagem da revista Época.
Hesham Eltrabily está radicado no Brasil desde 2002, quando fugiu do Egito. Em seu país natal, ele é acusado de ter participado de um atentado terrorista em 1997, que tirou a vida de 62 pessoas. Quando as autoridades egípcias souberam de seu paradeiro, solicitaram a extradição, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido alegando que não existiam provas suficientes de sua participação no atentado.