O Dia Internacional da Mulher serviu de palco, também, para protestos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, incluindo a presença de feministas que se apresentam como evangélicas, ainda que algumas evitem se enquadrar no rótulo de “esquerdista”.
“Viemos porque é importante mostrar que o Bolsonaro não representa todos os evangélicos e as evangélicas, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa”, afirmou a assistente social Priscila Queiroz, de 31 anos.
Por se tratar de um governo conservador, o presidente Jair Bolsonaro é contra algumas pautas defendidas pelas feministas, como a descriminalização do aborto e também a promoção da ideologia de gênero, a qual reconhece que homens possam se declarar “mulheres” no sentido mais fiel do termo.
Apesar disso, algumas evangélicas feministas afirmam não concordar com tudo o que defende o movimento, como é o caso da estudante Renata Silva, 21, da Assembleia de Deus. Ela é uma das que tentam dissociar o movimento feminista da ideologia de esquerda.
“A agenda foi sequestrada pela esquerda. Pra mim, é a grande cagada do feminismo, porque aliena várias mulheres que poderíamos agregar”, afirmou, segundo informações de O Tempo.
Renata exemplifica: “Falar em direito da mulher engloba várias coisas. Tipo, eu posso discordar do aborto, e discordo, mas lutar com unhas e dentes pela Lei Maria da Penha. E unhas com esmalte, tá?”.
O que Renata exemplifica como parte do feminismo, no entanto, a maioria das mulheres (e homens) enxergam como um direito humano essencial. A não discriminação por diferenças de gênero (sexo) e a luta contra a violência doméstica, por exemplo, são pontos comuns na mente de toda pessoa que defende o respeito ao próximo.
Foi neste sentido que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, também declarou em outra ocasião que seria feminista. “Poderiam usar o meu exemplo na luta delas. Sou uma mulher que veio lá de baixo, não tinha nem sapato para ir à escola e hoje é uma ministra”, disse ela.
Para as feministas declaradas evangélicas que fizeram protesto contra Bolsonaro, no entanto, a cultura patriarcal é sinônimo de opressão ou, como dizem, “pecado estrutural”. A imagem do presidente da República é citada como um exemplo daquilo que combatem.
“O mandamento que Jesus trouxe foi o amor, o acolhimento. Qualquer ato que desumaniza o outro, como homofobia, racismo, misoginia e xenofobia, nós compreendemos como pecado estrutural”, afirmou Michelle Dias, segundo a Folha.